Prefeitos que apoiam Braga são alvos de denúncias por corrupção e nomeação de advogado de suspeito no ‘caso Dom e Bruno’

Da esquerda para direita: Saul Nunes Bemerguy, Eduardo Braga e David Nunes Bemerguy (Arte: Mateus Moura)
Da Redação

MANAUS – Apoiadores da candidatura ao Governo do Amazonas do senador Eduardo Braga (MDB), os prefeitos de Tabatinga (a 1.106 km de distância de Manaus), Saul Nunes Bemerguy (MDB), e de Benjamim Constant (a 1.124 km de distância da capital), David Nunes Bemerguy (MDB) – dois municípios na chamada tríplice fronteira do narcotráfico, entre o Brasil, o Peru e a Colômbia – já foram denunciados por práticas de ilícitos ao longo de suas carreiras políticas, de acordo com notícias publicadas recentemente pela imprensa estadual.

Saul foi afastado por 90 dias de suas funções, no ano passado, como um dos alvos de uma operação da Polícia Federal (PF), que investiga crimes como fraude a licitação, desvio de recursos públicos, peculato, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, o prefeito, secretários e funcionários municipais do alto escalão realizaram licitações fraudulentas com um grupo de empresários locais, para a construção de escolas e creches municipais.

A PF investiga indícios de que Saul escolhia as empresas vencedoras antes da licitação e, após receber valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), do governo federal, montava o procedimento licitatório para realização de obras municipais já inauguradas. Ao final, ele pagava os empresários envolvidos nas fraudes, que posteriormente se apropriavam dos valores repassados e devolviam parte do lucro.

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Em março de 2020, Saul já havia sido denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) por desvio de mais de R$ 19 milhões em verbas federais destinadas a programas de educação no município, em 2009 e 2010. Além do prefeito, também foi denunciado, à época, o então contador da Prefeitura de Tabatinga, Gilberto Macedo da Silva, que também participou das operações fraudulentas.

Ele também foi denunciado ao Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM) por prática de nepotismo, por nomear a filha Salúvia Solis Bemerguy de Souza ao cargo de ‘representante do município’ em Manaus. A representação foi movida pelo Secretaria-Geral de Controle Externo do TCE.

David Bemerguy

David Bemerguy foi acusado de nomear para secretário extraordinário da Casa Civil Municipal de Benjamim Constant o advogado Davi Barbosa de Oliveira, que atuava como procurador municipal e chegou a ser contratado como advogado de Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, réu confesso no duplo homicídio do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dominic Phillips.

Benjamim Constant é um dos municípios em que o principal suspeito de ser o mandante da morte da dupla, o líder de uma organização criminosa ligada à pesca ilegal, Ruben Dario Villar, o “Colômbia”, atuava. Oliveira chegou a ser advogado da ex-mulher de “Colômbia”, Marilda de Souza, durante seu processo de divórcio.

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