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Professor com TDAH no Amazonas relata desafios em educar crianças com a condição
O professor e pedagogo Luiz Carlos Braga Celestino Júnior (Divulgação/Arquivo Pessoal)
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19 de fevereiro de 2024
Hector Muniz – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – As leis brasileiras preveem a inclusão de crianças e adolescentes na rede pública de ensino, contribuindo para o desenvolvimento completo desses jovens. Mas a realidade, na prática, é diferente. A dificuldade em cumprir o previsto em lei, bem como preparar os profissionais para receber esses estudantes, é sempre um desafio. Fora isso, há um preconceito que envolve as questões relacionadas a transtornos como do Espectro Autista (TEA) e o do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) no âmbito escolar.
O professor e pedagogo Luiz Carlos Braga Celestino Júnior, 40 anos, viu em si uma oportunidade de ajudar crianças que sofriam com a mesma condição que ele: viver com TDAH. “Quando eu era criança, não havia tantos estudos e conhecimentos sobre o TDAH como temos hoje em dia. Descobri que tinha TDAH tardiamente, porém nunca me afetou de forma cognitiva. O TDAH não me afeta ao longo da vida, porém em alguns momentos tive que me adaptar, sem realmente entender o que estava acontecendo”, explicou Luiz.
O TDAH é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica que inclui dificuldade de atenção, hiperatividade e impulsividade. Em geral, o TDAH começa na infância e pode persistir na vida adulta. Pode contribuir para baixa autoestima, relacionamentos problemáticos e dificuldade na escola ou no trabalho. Os sintomas incluem falta de atenção e hiperatividade.
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“O TDAH se manifesta de forma única em cada pessoa. Cada indivíduo tem uma identidade diferenciada e desempenhos diversos. Por exemplo, para mim, só conseguia estudar se estivesse em movimento, seja andando ou balançando as pernas. Somente dessa forma conseguia me concentrar”, explicou.
E foi com essa vivência para desenvolver uma carreira que o educador foi contribuindo para o desenvolvimento das crianças na escola onde ele atua há mais de dez anos. Luiz é diretor na Escola Municipal Escritora Nísia Floresta Brasileira Augusta, localizada na rua Souza Campos, bairro Flores, Zona Centro-Sul da capital. Ele é concursado desde 2008 e, em 2010, se tornou diretor da escola onde continua atuando até os dias atuais.
Em 2021, foi sancionado a Lei 14.254 que dispõe sobre o acompanhamento integral para educandos com Dislexia ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem. Esta lei apresenta diversas diretrizes sobre o acompanhamento de estudantes com essas condições.
Para a especialista em educação Sandra Aguilar, embora a legislação tenha uma previsão, a realidade, na prática, é outra.
“São diversas crianças que chegam nas escolas sem um diagnóstico. E não é culpa delas. Nas escolas públicas, a maioria são crianças, dentro de uma família, que estão matriculadas, com pouco acesso à informação”, explica Aguilar.
“A gente chama esses pais para uma reunião. Eu faço um atendimento individual para eles, para que essa família não se sinta constrangida. Depois, a gente conversa com o pai e apresenta a situação para o aluno. A escola tem parceria com psicólogos, tem parceria com a Caps [Centro de Atenção Psicossocial] e com o Centro Municipal de Atendimento Sociopsicopedagógico (CEMASCP). E aí a gente faz questão que o pai participe disso, para ele saber que ele não tem nenhum problema. Eu faço questão de dizer que isso não é problema. Nós só temos que encontrar uma forma de educá-los”.
Inclusão
Recentemente, a AGÊNCIA CENARIUM noticiou o drama de uma professora que passou em um concurso público no Estado de Mato Grosso e foi impedida de assumir o cargo por ser diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O drama segue e a jovem entrou com uma ação no Judiciário para poder exercer a profissão.
O professor diz que acompanha o caso e achou lamentável a situação vivida por ela. “Eu sou um exemplo de que é possível viver, sim, com alguma dessas condições e exercer uma profissão. Isso é inclusão. É claro que eu continuo fazendo acompanhamento médico, mas eu não tenho capacidade menor do que uma pessoa sem TDAH”, finalizou o educador.
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