Projeto do Inpa que recebe peixes-boi precisa de recursos para soltura e reforma dos tanques

Filhote de peixe-boi resgatado em Parintins (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

MANAUS – O Projeto Mamíferos Aquáticos da Amazônia, da Associação Amigos do Peixe-boi (Ampa) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) precisa de recursos para realizar as solturas dos mamíferos e a realização de reformas dos tanques. Nesta quinta-feira, 23, mais um filhote de peixe-boi foi resgatado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Parintins (distante 369 quilômetros de Manaus).

Atualmente, 62 peixes-bois estão no processo de reintrodução: 47 animais estão em reabilitação no Inpa, em Manaus, e 13 estão no semi cativeiro, no lago artificial em Manacapuru. Antes da paralisação das solturas, os animais eram devolvidos a natureza na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (DRS) Piagaçu-Purus, no município de Anori, a 173 quilômetros da capital, mas foram suspensas por conta do fim da parceira com a Petrobras.

Segundo o veterinário Veterinário-LMA/INPA Anselmo d’Affonseca, o projeto Ampa continua, mas não estão fazendo a reintrodução na natureza por causa da falta de recursos financeiros. “Recursos para a soltura e reforma dos tanques. Parou por conta da pandemia e até então ainda não ocorreu. Esse ano era para ter agora na cheia do rio, mas não tem recurso”, explicou o veterinário.

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Projeto continua, mas não estão fazendo a reintrodução na natureza pela falta de recursos financeiros (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Os pesquisadores afirmam ainda que é necessário uma reforma nos dois painéis de vidro (visores) que tem a lâmina externa, quatro estão trincadas e precisando de uma reforma, a última foi feita há 15 anos. Já que pequenas reformas são realizadas no local.

“Pequenas reformas, como pintura externa e outros, tem acontecido com uma certa frequência, mas reforma grande mesmo só a fibragem dos tanques, que já deve ter mais de 15 anos. Tivemos a instalação de um sistema de filtragem, antes da pandemia, que agora tá parado por problemas de manutenção”, afirmou Anselmo.

Resgate

Em 2023, já foram resgatados cinco filhotes de peixes-boi. A caça ilegal e captura acidental em redes de pesca são as principais ameaças ao peixe-boi da Amazônia, além de sofrer com a destruição e degradação ambiental. A caça de peixes-boi é proibida desde 1967, porém sua carne ainda é apreciada na região, o que exige um intenso trabalho de sensibilização ambiental e de fiscalização.

O peixe-boi da Amazônia vive em média 60 anos e só atinge a maturidade sexual, ou seja, só está pronto para se reproduzir com aproximadamente seis anos de idade. A gestação da fêmea de peixe-boi da Amazônia dura aproximadamente 12 meses. Nasce um filhote por vez, com raros casos de gêmeos.

O cuidado da mãe perdura por aproximadamente dois anos, com o filhote sendo amamentado neste período. Para os pesquisadores é de suma importância manter esses animais no ecossistema, principalmente as fêmeas. Sem elas, a recuperação da população dessa espécie fica comprometida.

Filhote de peixe-boi resgatado em Parintins, no Amazonas (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Cartilha

Os pesquisadores divulgaram uma cartilha com orientações para pescadores sobre como liberar os filhotes capturados acidentalmente. Por conta da caça intensa, o peixe-boi se tornou uma espécie ameaçada e se não for preservada, poderá desaparecer no futuro. (Veja a cartilha abaixo na íntegra)

“Nós fizemos uma cartilha pra orientar as pessoas que encontram filhotes presos em malhadeira, por exemplo, muitas vezes o filhote tem poucos dias de vida quando são emalhados. E as pessoas imaginam que por não verem a mãe por perto (e é extremamente difícil de vê-la) acabam separando mãe e filhote”, explicou o veterinário.

Programa

O Programa de Reintrodução de peixes-bois da Amazônia, criado em 2008, reabilita animais resgatados, em sua maioria filhotes. Eles vão crescendo e mudando de tanque até que estejam aptos para serem transferidos para o semi cativeiro.

O atual local semicativeiro fica localizado em uma fazenda distante 70 km de Manaus. É um lago de água natural do rio, onde peixes-bois ficam por um período de 1 ano, aproximadamente, para se aclimatar às condições naturais. Nesse período há convivência com outros animais aquáticos, como peixes e quelônios, antes da soltura na Reserva Piagaçu-Purus.

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