‘Reencontro com Brasil mais plural’ diz pesquisadora do AM ao receber medalha de Mérito Científico

O presidente Lula com os pesquisadores amazonenses (Divulgação/Presidência da República)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS (AM) – Condecorados nessa quarta-feira, 12, os pesquisadores do Amazonas, Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, receberam do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e da e a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, a mais alta honraria no campo da ciência, tecnologia e inovação, negada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2021.

A homenagem faz parte da retomada de investimentos e do fortalecimento da ciência por parte do governo federal, que usou o mesmo evento para anunciar ainda o retorno do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e a assinatura do decreto que convoca a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

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O Presidente Lula (PT), beijando a testa da médica Adele Schwartz (Divulgação/Presidência da República)

À CENARIUM, a médica e doutora em saúde pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Adele Schwartz Benzaken, contou que a condecoração marcou um momento especial para a ciência. Adele é servidora pública há mais de 40 anos e chegou a ser exonerada do cargo de chefe do Departamento de IST, HIV Aids e Hepatites do Ministério da Saúde, após apresentar cartilha sobre prevenção de doenças para homens trans.

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À época, meu sentimento realmente foi de surpresa, achei até que seria uma fakenews, mas considerei uma atitude extremamente deselegante ao ser retirada da lista dos agraciados. A honraria maior foi a solidariedade dos pares, dos demais condecorados que se negaram a receber a comenda e destaco que a entrega feita pelo presidente Lula tem um significado muito especial, pois se trata de um reencontro não só com o prêmio, mas com o Brasil mais justo e plural“, declarou.

Assim como Adele, o infectologista Marcus Lacerda também teve a honraria revogada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). À época, Lacerda foi um dos primeiros a apontar a ineficácia da cloroquina para o tratamento contra a Covid-19, indo de encontro com a tese defendida pelo antigo mandatário.

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Presidente Lula, o infectologista Marcus Lacerda e a Ministra da Ciência, Luciana Santos (Divulgação/Presidência da República)

“E essa nomeação acontece num momento muito crítico da ciência nacional e, portanto, é uma grande alegria poder, depois disso tudo, ter o reconhecimento não apenas do trabalho durante a pandemia, que ficou marcado na imprensa, mas também todo um trabalho que havia sido realizado na ciência amazonense. Então é uma honra muito grande, um prazer muito grande ver que a gente de fato reconhece as instituições e as pessoas que trabalham em prol do povo brasileiro”, declarou o infectologista.

Quem é Adele Schwartz Benzaken?

Adele foi diretora da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta e oficial do Programa das Nações Unidas para HIV/Aids (Unaids/Brasil). Ocupou o cargo de diretora do Departamento IST/HIV/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Durante sua gestão, foi responsável por tornar o teste rápido de sífilis uma política pública nacional e conseguiu incorporar novas políticas de prevenção ao HIV como a da Profilaxia Pre-Exposição (PreP) e a universalização do tratamento de Hepatite C na rede pública.

Em sua trajetória, foi vice-presidente do Comitê de Especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS), membro do Comitê de Certificação de Eliminação da Sífilis e do HIV da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), diretora regional para América Latina da International Union Against Sexually Transmitted Infections (IUSTI) e atual membro da diretoria da International Society for Sexualy Transmitted Diseases Research (ISSTDR).

A médica e pesquisadora Adele Schwartz Benzaken (Divulgação/Fiocruz)

Além disso, trabalha também para a Aids Healthcare Foundation (AHF). Atualmente, é diretora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia), eleita para o quadriênio 2021-2025. Seu currículo, tem como marca registrada o olhar sobre as pessoas e as políticas públicas de saúde que possam promover a melhoria da qualidade de vida sobretudo das populações mais vulnerabilizadas. Indígenas, ribeirinhos, profissionais do sexo, homens e mulheres trans. De origem judia, é a filha mais velha de Hans Willi Schwartz e Robine Benchimol Schwartz, seu pai imigou para o Brasil, fugindo do terror do holocausto. No Amazonas, fizeram morada e Adele construiu o seu caminho.

Quem é Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda?

Graduação (1999) em Medicina pela Universidade de Brasília – UnB, especialização em Infectologia (2002) pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado – FMT-HVD e doutorado em Medicina Tropical (2007) pela Universidade de Brasília.

Médico da FMT-HVD e Especialista em Saúde Pública do Instituto Leônidas & Maria Deane (FIOCRUZ, Amazonas), professor do Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas e professor adjunto da University of Texas Medical Branch (UTMB). Seus principais focos de pesquisa são malária, HIV, arboviroses e outras doenças emergentes.

O infectologista Marcus Lacerda (Divulgação/Fiocruz)

Seus estudos incluem assuntos como a avaliação de eficácia e segurança do difosfato de cloroquina no tratamento de pacientes hospitalizados com síndrome respiratória grave no âmbito do novo coronavírus (SARS-CoV2): um ensaio clínico, duplo-cego, randomizado e avaliação de Efetividade da Vacina Adsorvida Inativada contra COVID-19 Coronavac, entre Profissionais da Educação e de Segurança Pública com Fatores de Risco para Gravidade, em Manaus.

Em 2021 recebeu o Prêmio Sérgio Arouca de Saúde e Cidadania pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz. Em 2019 foi homenageado em reconhecimento à relevante contribuição no controle da malária no Amazonas pela Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

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