Ressignificando a data: ‘Dia dos Povos Indígenas’ substitui o famigerado ‘Dia do Índio’
19 de abril de 2022
De caráter cultural e tecnológico, o ato desafiou a chuva com shows de vários artistas indígenas (Yusseff Abrahim/CENARIUM)
Diovana Rodrigues – Da Revista Cenarium
MANAUS – No Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril, o tema é motivo de debate para os principais interessados no assunto: os próprios indígenas. Usando suas redes sociais eles relatam a luta diária por respeito e o quanto precisam resistir para continuarem existindo e terem voz.
Importante lembrar também que o Projeto de Lei 5466/2019, de autoria da deputada federal Joênia Wapichana (REDE-RR), instituiu a mudança da nomenclatura “Dia dos Índios” para “Dia dos Povos Indígenas”, tendo sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, em dezembro de 2021.
A resistência dos povos indígenas reflete a importância do combate à formação de estereótipos e a alusão a diminuição dos direitos. A utilização do termo “índio” causa uma redução da pluralidade de culturas, passando a informação de que funcionam como uma unidade, sem mostrar e validar os costumes diferenciados de cada povo e sua riqueza de valores, tanto territoriais quanto ambientais.
O País possui 726 Terras Indígenas espalhadas por todo território, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), das quais 122 estão em identificação; 43 são identificadas; 74 declaradas; 487 homologadas e reservadas.
Como se pode ver nos posicionamentos selecionados pela CENARIUM, há insatisfação e descontentamento com a negligência na garantia dos direitos e com o emprego de uma visão utópica no que se diz respeito à forma como tratam desses assuntos nas salas de aula.
Em um vídeo emblemático publicado nas redes sociais, lideranças explicam didaticamente o porquê reivindicam que não haja mais um “Dia do Índio” e lembram que a data não é de comemoração, mas de resistência:
Veja alguns destaques de tweets a seguir:
O indígena Samuel Luz comenta sobre o debate do tema nas escolas, a fim de educar as crianças e adolescentes sobre a importância da história dos povos indígenas.
Hoje é dia de riscar do vocabulário “dia do índio” e ressignificar com “dia da resistência dos povos indígenas”. Amanheci feliz sabendo que amigos professores estão tendo posicionamentos consistentes em sala de aula, lembrando dessa data da maneira correta, longe de fantasias.
A jornalista indígena Juliana Lourenço comenta sobre o histórico do dia, desde sua criação, e depois ressalta na thread a situação de extrema pobreza e vulnerabilidade social, em que vivem cerca de 15% da população indígena mundial, com base em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Hoje é #DiaDosPovosIndigenas, data que, desde 1995 faz parte da agenda da ONU, que visa a garantia aos direitos dos povos indígenas. Os povos indígenas somam mais de 476 milhões de pessoas em todo o mundo, e estão presentes em todos os continentes com exceção da Antártida. +
A ativista e comunicadora Alice Pataxó, além de embaixadora da World Wild Fund for Nature (WWF-Brasil), comenta sobre a violência que permeia as mentiras até hoje contadas sobre os fatos que envolvem a história dos povos indígenas.
Para o mês que conta tantas mentiras, Dia do índio, comemoração do descobrimento do Brasil, o mês de Abril ainda festeja as mentiras de uma história mal contada, com feridas escancaradas sobre nossos povos.
Primeira mulher indígena a exercer o cargo de deputada federal, Joênia Wapichana, da comunidade indígena Truaru da Cabeceira, região do Murupu, município de Boa Vista, comenta sobre a PL 5466/2019.
Para lembrar que o PL 5466/19, que muda a nomenclatura do "Dia do Índio" para Dia dos Povos Indígenas, foi aprovado na CCCJ da @camaradeputados, no mês de dezembro de 2021. Falta aprovar no Senado. É preciso valorizar diversidade cultural dos povos indígenas do Brasil.
Nesta terça-feira, 19, a influencer indígena ‘Cunhaporanga‘ foi destaque nacional em uma reportagem realizada pelo Estadão. Sucesso no TikTok, com 6,5 milhões de seguidores e o vídeo mais viralizado com mais de 32 milhões de visualizações, onde apresenta a larva mochiva e diz que costuma comê-la com farinha.
“Temos nossa cultura, nossos costumes e pedimos que as pessoas valorizem mais isso. Somos povos originários e estamos aqui para sobreviver”, enfatiza a indígena, que fez sucesso na rede social ao compartilhar o dia a dia da comunidade indígena de Tatuyo, no Amazonas.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.