Ressignificando a data: ‘Dia dos Povos Indígenas’ substitui o famigerado ‘Dia do Índio’

De caráter cultural e tecnológico, o ato desafiou a chuva com shows de vários artistas indígenas (Yusseff Abrahim/CENARIUM)
Diovana Rodrigues – Da Revista Cenarium

MANAUS – No Dia dos Povos Indígenas, comemorado em 19 de abril, o tema é motivo de debate para os principais interessados no assunto: os próprios indígenas. Usando suas redes sociais eles relatam a luta diária por respeito e o quanto precisam resistir para continuarem existindo e terem voz.

Importante lembrar também que o Projeto de Lei 5466/2019, de autoria da deputada federal Joênia Wapichana (REDE-RR), instituiu a mudança da nomenclatura “Dia dos Índios” para “Dia dos Povos Indígenas”, tendo sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados, em dezembro de 2021.

A resistência dos povos indígenas reflete a importância do combate à formação de estereótipos e a alusão a diminuição dos direitos. A utilização do termo “índio” causa uma redução da pluralidade de culturas, passando a informação de que funcionam como uma unidade, sem mostrar e validar os costumes diferenciados de cada povo e sua riqueza de valores, tanto territoriais quanto ambientais.

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O País possui 726 Terras Indígenas espalhadas por todo território, de acordo com o Instituto Socioambiental (ISA), das quais 122 estão em identificação; 43 são identificadas; 74 declaradas; 487 homologadas e reservadas.

Como se pode ver nos posicionamentos selecionados pela CENARIUM, há insatisfação e descontentamento com a negligência na garantia dos direitos e com o emprego de uma visão utópica no que se diz respeito à forma como tratam desses assuntos nas salas de aula.

Em um vídeo emblemático publicado nas redes sociais, lideranças explicam didaticamente o porquê reivindicam que não haja mais um “Dia do Índio” e lembram que a data não é de comemoração, mas de resistência:

Veja alguns destaques de tweets a seguir:

O indígena Samuel Luz comenta sobre o debate do tema nas escolas, a fim de educar as crianças e adolescentes sobre a importância da história dos povos indígenas.

A jornalista indígena Juliana Lourenço comenta sobre o histórico do dia, desde sua criação, e depois ressalta na thread a situação de extrema pobreza e vulnerabilidade social, em que vivem cerca de 15% da população indígena mundial, com base em dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A ativista e comunicadora Alice Pataxó, além de embaixadora da World Wild Fund for Nature (WWF-Brasil), comenta sobre a violência que permeia as mentiras até hoje contadas sobre os fatos que envolvem a história dos povos indígenas.

Primeira mulher indígena a exercer o cargo de deputada federal, Joênia Wapichana, da comunidade indígena Truaru da Cabeceira, região do Murupu, município de Boa Vista, comenta sobre a PL 5466/2019.

Indígenas em destaque nacional

Nesta terça-feira, 19, a influencer indígena ‘Cunhaporanga‘ foi destaque nacional em uma reportagem realizada pelo Estadão. Sucesso no TikTok, com 6,5 milhões de seguidores e o vídeo mais viralizado com mais de 32 milhões de visualizações, onde apresenta a larva mochiva e diz que costuma comê-la com farinha.

@cunhaporanga_oficial

Resposta a @anasantos1422 Quando perguntam o que eu como é disso que eu falo 😅 #indígenass #foryou #tiktokindígena #tatuyosforever #wananosforever

♬ som original – JɄGOA

“Temos nossa cultura, nossos costumes e pedimos que as pessoas valorizem mais isso. Somos povos originários e estamos aqui para sobreviver”, enfatiza a indígena, que fez sucesso na rede social ao compartilhar o dia a dia da comunidade indígena de Tatuyo, no Amazonas. 

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