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Sem autorização para exercer profissão, médico brasileiro preso no Egito cobrava R$ 2 mil em consultas
Victor Sorrentino, médico brasileiro preso no Egito (Reprodução/Instagram)
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05 de junho de 2021
Com informações da Folha de S. Paulo
LISBOA – O médico brasileiro Victor Sorrentino — detido no Egito sob acusação de ofensa de teor sexual contra uma vendedora muçulmana em um vídeo publicado em suas redes sociais — oferecia consultas em Portugal sem ter o diploma de medicina validado no país europeu. Cada consulta custava até 350 euros (cerca de R$ 2.100).
Além de divulgar os atendimentos em Lisboa e no Porto via redes sociais, Sorrentino ainda tinha em seu site uma área dedicada especialmente ao agendamento de consultas em Portugal. A página, no entanto, foi removida nessa sexta-feira, 4, após o questionamento da reportagem.
O nome de Victor Sorrentino não consta na lista dos profissionais aptos a exercer a medicina legalmente em Portugal. A Ordem dos Médicos, entidade que regula o setor, confirmou que ele não está entre os profissionais registrados no país.
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Médicos formados em universidades brasileiras, como é o caso de Victor Sorrentino, são obrigados a passar por um rigoroso processo de validação de diplomas antes de poderem atuar em Portugal. Além da análise da documentação da faculdade, precisam se submeter a exames teóricos e práticos.
A Ordem dos Médicos só pode abrir processos e agir disciplinarmente em relação a profissionais que estejam devidamente registrados. Denúncias de eventual exercício ilegal da medicina precisam ser encaminhadas à Justiça.
Nas redes sociais, pacientes registraram em fotos atendimentos entre 2017 e 2019. De jaleco, Sorrentino normalmente aparece sorridente nas imagens.
A reportagem obteve emails trocados, em março de 2018, entre uma brasileira interessada nas consultas em Portugal e a mulher que cuidava da agenda lusitana de Sorrentino. Na ocasião, o atendimento era feito em parceria com um nutricionista brasileiro, também de passagem por Portugal.
“As consultas serão contínuas, ou seja, os profissionais virão de 2 a 3 vezes ao ano para Portugal, dessa forma garantindo o acompanhamento e eficácia nos tratamentos dos pacientes”, diz um trecho da mensagem.
Para garantir a vaga, era preciso enviar o comprovante de pagamento adiantado da consulta, no valor de 350 euros.
Um médico português, que pede para não ter seu nome divulgado, diz que os atendimentos de Victor Sorrentino sem a validação do diploma são conhecidos há mais de dois anos entre vários profissionais do setor.
Ele relata sua própria indignação e de colegas, chamando a atenção para o fato de, em Portugal, uma consulta com um médico especialista custar normalmente em torno de 100 euros (aproximadamente R$ 616) em consultórios privados.
O caso
Com quase 1 milhão de seguidores —incluindo celebridades e até uma deputada portuguesa— o Instagram do médico brasileiro passou a ter acesso restringido depois da polêmica no Egito. O médico usou a rede social para publicar um vídeo de uma conversa entre ele e uma vendedora de papiro no país árabe. A jovem era muçulmana.
Aos risos, o médico fez perguntas de conotação sexual, como “Vocês gostam mesmo é do bem duro, né?” e “Comprido também fica legal, né? O papiro comprido”. Sem entender os comentários, a jovem aparece concordando e sorrindo. Com a repercussão do caso, o médico apagou o vídeo e pediu desculpas, afirmando ser “muito brincalhão”.
Sorrentino acabou sendo detido no último domingo, 30, pelas autoridades egípcias. O Ministério Público do país informou que o brasileiro é acusado de fazer insinuações sexuais, “atacando os preceitos e os valores da família e da sociedade egípcia, violando a vida privada da vendedora e utilizando uma conta eletrônica para cometer esses crimes”.
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