Senador do AM diz que preservação da Amazônia coloca pessoas em condições subumanas

Plínio Valério destacou que o Brasil é um dos países que mais preserva o Meio Ambiente. (divulgação)

Carolina Givoni – Da Revista Cenarium

MANAUS – Após minimizar incidência de queimadas na floresta Amazônia e criticar a política ambiental de outros Países, o senador Plínio Valério (PSDB) ponderou o discurso em entrevista à REVISTA CENARIUM nesta quinta-feira, 23. O legislador amazônida negou ser aliado de Bolsonaro e afirmou que a preservação da Amazônia imposta as pessoas, as coloca em condições subumanas.

“Vocês só querem que a gente preserve. Essa preservação que vocês impõem, coloca as pessoas em condições subumanas. Só o Amazonas preserva 97% da floresta, e na Região Amazônica morrem mais de 1 mil crianças todos os anos, antes de completar um ano. Quem diz isso, é a Unicef, que também diz que 9 milhões de pessoas não têm renda para comprar uma cesta básica. Então, como é que floresta pode ficar de pé o tempo sem manter uma renda”, justifica Plínio Valério.

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Plínio declarou por meio de um vídeo publicado no Twitter, na noite da quarta-feira, 22, que “a Amazônia não está queimando”. Além de o senador acusa outras pessoas de tentarem culpar os brasileiros pela devastação da floresta

Publicação do senador, que gerou polêmica nas redes sociais. (Reprodução/Twitter)

No entanto, só neste mês de julho o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 2.248 incidências de queimadas, maior índice desde 2007. O alerta foi registrado em quatro estados da Região Norte, sendo Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas, correspondendo a 18% de aumento, em comparação com o mesmo período de 2019.

Questionado sobre o fato científico de acesso público, Valério negou que o Instituto tenha aferido informações com erros. Mas afirmou que as informações divulgadas pela imprensa têm distorcido a proporcionalidade do impacto das queimadas.

“Sei que os homens manipulam os números, o ser humano é assim. Quando o Inpe diz que um percentual aumentou, realmente preocupa. Mas aumentou de um tamanho pequeníssimo, a Amazônia é preservada em 70%. Só no tamanho de reservas, nós temos uma área equivalente a toda Europa, Reino Unido e França”, detalha.

Críticas

Plínio, que também é jornalista, sem citar culpados, criticou abordagem das temáticas ambientais, afirmando que existe uma imposição para preservação da floresta, que não abrange a subsistência dos povos que vivem na região. Ele ainda cita o relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef, sigla em inglês) para se justificar.

Sobre as provocações as Organizações Não Governamentais, (ONGs) ou sobre “defeitos” em programas internacionais de apoio a preservação da Amazônia, o senador diz que não quer “endemonizar” ninguém.

“Essa é uma das minhas lutas, que se igualem a floresta ao ser humano. Sem igualdade da floresta com o ser humano não existe preservação ambiental. A dignidade do ser humano da Amazônia está ligado umbilicalmente à preservação dela. Às vezes a devastação dela é um roçado que uma família faz para plantar mandioca”, dispara.

Soluções

Negando ser “bolsonarista” e da base aliada do Governo Federal, Plínio comenta sobre medidas de proteção e a agenda ambiental, citando também a criação de parcerias com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como uma solução para aumentar a fiscalização nas áreas de preservação.

“Isso precisa de recursos, que são bem-vindos, desde que não sejam oriundos impostos. Me reuni com os gestores do fundo Amazônia no Brasil, que é o BNDES. Fui até o quadro técnico para pedir que eles usassem parte dos R$ 70 milhões do fundo para montar, por exemplo o hospital de campanha em São Gabriel da Cachoeira, cidade que concentra 28 mil indígenas. Caso tivesse sido aprovado, evitaria muitas mortes. Infelizmente não foi possível, porque a filosofia do projeto não permitia a aplicação do dinheiro para esse tipo de inciativa”, pondera.

Fundo Amazônia

O BNDES celebrou, em 25 de março de 2009, um contrato de doação – Donation Agreement – com o Ministério das Relações Exteriores da Noruega, no qual foi estabelecido compromisso de doação ao Fundo Amazônia, no valor de até 700 milhões de coroas norueguesas.

Plínio críticas as chamadas públicas promovidas diretamente pelo Fundo Amazônia ou apoiadas indiretamente através das instituições parceiras. Que em sua maioria são voltadas para recuperação da cobertura vegetal, consolidação e fortalecimento de cadeias de valor sustentáveis e inclusivas, ou apoio a projetos produtivos sustentáveis.

“Por essa razão, precisamos entender que a floresta vai ficar em pé, enquanto o homem estiver de pé. O caboclo Amazônico é quem melhor maneja a floresta, que é secular e preservada. Agora, essas queimadas clandestinas precisam ser combatidas de forma moderna. Mas, cadê aviões para fiscalizar? Por que esse dinheiro só é usado para quem faz aqueles projetos que ‘casam com uma luva’ no fundo Amazônia? Nós não somos xenófobos, nem idealistas, mas temos conhecimento de Amazônia, que não nos deixa ficar calado diante de tanto alarmismo”, finaliza Plínio.

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