Suspeito de destruir carro usado no assassinato de Marielle é preso no Rio

Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como "Orelha", foi preso nesta quarta-feira, 28 (Composição de Paulo Dutra/Revista Cenarium)
Da Revista Cenarium*

RIO DE JANEIRO (RJ) – A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) prenderam nesta quarta-feira, 28, um dono de ferro-velho suspeito de ter feito o desmanche e descartado o carro usado nos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018.

Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como “Orelha”, foi preso em casa em Santa Cruz da Serra, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do suspeito até a publicação deste texto.

Ele foi denunciado pela Promotoria em agosto de 2023. Segundo o texto, ele teria impedido e atrapalhado as investigações do caso ao destruir o carro em um desmanche no morro da Pedreira, Zona Norte do Rio.

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Anderson Gomes e Marielle Franco (Reprodução/Internet)

Ainda de acordo com os promotores, o suspeito é conhecido de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, ambos presos desde 2019, acusados de matar a vereadora e seu motorista.

Em sua delação, Queiroz afirmou que “Orelha” foi acionado pelo ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, para se livrar do veículo usado no atentado. Suel também está preso, por envolvimento no crime, desde julho do ano passado.

Ainda de acordo com o depoimento, “Orelha” tinha contato com pessoas que possuem peças de carros. Na delação, o ex-PM disse ainda que, dois dias depois do assassinato, ele e Ronnie levaram “Orelha” até o local onde estava o veículo, em uma praça em Rocha Miranda, Zona Norte do Rio.

Élcio de Queiroz narrou ainda que ficou sabendo por meio de Suel de que o Cobalt branco usado no crime foi para o “morro da Pedreira”, onde havia um desmanche de veículos.

Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa (Reprodução/Redes Sociais)

A vereadora Marielle Franco (Psol) foi assassinada no centro da cidade, junto com o motorista Anderson Gomes, na noite de 14 de março de 2018. O carro em que Marielle estava — e que era conduzido por Anderson — foi alvejado por 13 tiros. Os motivos e os mandantes do crime permanecem desconhecidos.

“Orelha” foi levado para a Superintendência Regional da Polícia Federal, na zona portuária do Rio. Em seguida, será encaminhado ao sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça.

O advogado Bruno Castro, que representa Lessa, afirmou que seu cliente tinha preocupações com a família caso viesse a falar sobre o assassinato da vereadora. A colaboração ainda não foi homologada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde o caso corre em sigilo.

À Folha, Castro disse que Lessa nunca demonstrou interesse em firmar uma colaboração premiada. No entanto, ele disse que sabia quem era responsável pela morte de Marielle, mas que, se falasse, sua família ficaria em perigo.

“A única coisa que ele me disse, há uns dois ou três anos, é que ele acreditava saber quem tinha matado Marielle. Mas afirmou que, se falasse, a família dele morreria”, disse o advogado. “Acho que ele nunca comentou [sobre o interesse de fazer a delação] por saber que meu escritório não faz esse tipo de acordo.”

A delação de Lessa foi a segunda a ser feita, para chegar ao mandante do crime, desde que a Polícia Federal assumiu o caso. Em julho do ano passado, Queiroz firmou um acordo de colaboração, confessou sua participação no crime e deu detalhes sobre a noite em que a vereadora foi morta.

A delação de Queiroz fez o caso avançar após cinco anos sem respostas sobre quem mandou matar Marielle. Após o depoimento do ex-PM, o investigadores chegaram a novas suspeitas de envolvimento de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ).

Domingos Brazão (Reprodução/Redes Sociais)

Como Brazão tem foro privilegiado, o inquérito foi enviado ao STJ em outubro do ano passado.

Ele disse estar tranquilo diante das citações de seu nome no caso do assassinato da vereadora e negou ter qualquer envolvimento com o crime.

“Se tem alguém que já foi investigado nesse processo, chama-se Domingos Brazão”, afirma.

“Depois da família da Marielle, posso te garantir que eu e minha família somos os maiores interessados na elucidação desse caso”.

Leia mais: PF nega acordo de nova delação premiada nas investigações do caso Marielle Franco
(*) Com informações da Folhapress
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