Tecnologia antiCovid-19: projeto no AM desenvolve protótipo de máscara 3D reutilizável

Ayrles Silva Gonçalves Barbosa Mendonça, doutora em Biotecnologia (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Um projeto de pesquisa desenvolvido no Amazonas pela doutora em Biotecnologia Ayrles Silva Gonçalves Barbosa Mendonça se mostrou pioneiro ao apresentar um protótipo de máscara 3D reutilizável produzida com impressora 3D. O principal objetivo da pesquisa é desenvolver respiradores – como os pesquisadores se referem às máscaras – com melhores sistemas de vedação e filtragem, que também sejam econômicas e sustentáveis, para enfrentar a Covid-19.

Contemplado no edital 005/2020 do Programa C,T&I nas Emergências de Saúde Pública no Amazonas – Covid-19 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o respirador deve apresentar 94% de potencial de filtragem das partículas e ter a vantagem de se adequar à face de quem o utiliza, já que será produzido com um material biodegradável e termomoldável chamado PLA – plástico de fácil utilização que não emite odor ou gás durante o processo de impressão.

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Projeto apresentado com um protótipo de máscara 3D reutilizável produzida com impressora 3D (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)

“Não adianta você ter um filtro que filtre 100%, se na lateral a máscara fica aberta. A N95, por exemplo, apresenta filtro de 95%. Então a PFF2 é quase que o equivalente a N95, mas funciona com 94% de filtragem do fim das partículas no meio. A ideia é que a gente tenha um protótipo de uma máscara feita em impressão 3D, pensada numa conformação facial que se adeque à face do indivíduo, e que a gente tenha também a busca de um sistema de filtros que possa permitir que a gente garanta o filtro 94 ou filtro 95%”, explica a pesquisadora.

Ayrles Mendonça ainda explicou as vantagens de ter um produto reutilizável e que possa ser adaptado ao rosto de quem irá utilizá-lo. “Diferentemente das máscaras que a gente usa e que a gente acaba jogando fora, e principalmente no hospital, por exemplo, essa máscara poderia ser higienizada e a pessoa só trocaria o filtro de duas em duas horas, seria muito mais barato e muito mais sustentável. A gente quer fazer com um material que possa ser termomoldável. Então, mesmo fazendo a impressão 3D é possível que eu, com um sistema de aquecimento ainda consiga modelar sob medida. Então você compra e coloca na água quente e modela de acordo com seu gosto”, detalha a pesquisadora.

Pesquisa

A pesquisadora ainda destaca a importância de editais, como o que foi disponibilizado pela Fapeam, destinarem recursos para o desenvolvimento de pesquisas em um momento em que cortes de recursos para o fomento dessas pesquisas científicas são feitos constantemente. “Você vê o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico], que antes tinha muitos editais, hoje em dia a gente tem uma publicação cada vez mais tímida. As FAPs [Fundações de Amparo à Pesquisa] do País inteiro estão em um processo em que não publicam editais já há vários meses, algumas até anos, e a gente tem a Fapeam que ainda tem um recurso, muito embora não seja um recurso robusto, mas que consegue trazer editais para que a gente consiga participar da chamada”, disse a doutora em Biotecnologia.

Ayrles Mendonça ainda ressaltou a importância da pesquisa no Brasil diante desse cenário. “A pesquisa foi extremamente importante e mostra o potencial que a gente tem para conseguir executar as coisas, o quão criativa a gente é dentro da pesquisa. Mesmo com pouco apoio, o Brasil é um dos países que mais publica na área da saúde, por exemplo”, disse.

“Mesmo com pouco apoio, o Brasil é um dos países que mais publica na área da saúde”, Ayrles Silva Gonçalves Barbosa, doutora em Biotecnologia.

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