Transfobia: Nikolas Ferreira é condenado a pagar R$ 80 mil a Duda Salabert

Nikolas Ferreira (à esquerda) e Duda Salabert. (Arte: Mateus Moura)

SÃO PAULO | UOL – O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi condenado pela Justiça a pagar R$ 80 mil à colega Duda Salabert (PDT-MG) após um caso de transfobia na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, quando o bolsonarista a chamou de “ele”. Ainda cabe recurso à decisão.

Na ocasião, ambos eram vereadores e Nikolas, em entrevista realizada no fim de 2020, disse que a chamaria pelo pronome morto independentemente do gênero de Duda.

A deputada Federal Duda Salabert (PDT-MG), que está em seu primeiro mandato na Câmara
A deputada Federal Duda Salabert (PDT-MG), que está em seu primeiro mandato na Câmara – Gabriela Biló – 10.mar.23/Folhapress

“Eu ainda irei chamá-la de ‘ele’. Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é”, falou o então vereador.

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Consta ainda no processo que o parlamentar “repercutiu a matéria em suas redes sociais Twitter e Instagram, insistindo na ofensa e utilizando tom jocoso em suas publicações”.

Duda postou em suas redes sociais a decisão, comemorando-a. “Perdeu, Nikolas Ferreira! Foi agora condenado e terá que me pagar R$ 80 mil pelos discursos transfóbicos contra mim! Se não aprendeu na família e na escola, aprenderá na justiça a respeitar as travestis”, escreveu a parlamentar.

A deputada ainda publicou uma foto com uma cerveja e debochou: “No Aeroporto, voltando pra casa e aguardando o pix”.

O juiz José Ricardo dos Santos de Freitas Véras, da 33° Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, defendeu o pagamento de indenização como uma pena de “caráter educativo e punitivo ao ofensor”.

“Assim, considerando a repercussão do ocorrido, a gravidade da ofensa aos direitos da autora, os agentes envolvidos, bem como a remuneração por eles recebida como deputados federais, entendo que a indenização em R$ 80.000,00 representa uma quantia razoável, capaz de reparar o dano moral sofrido, sem proporcionar enriquecimento por parte da vítima”, deliberou o magistrado.

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O UOL entrou em contato com a assessoria de Nikolas e aguarda resposta.

Nikolas já protagonizou outro episódio de teor transfóbico desde que iniciou o cargo de parlamentar. No Dia da Mulher, o deputado subiu ao plenário da Câmara e colocou uma peruca loira, dizendo que “se sente mulher”, que seria a “deputada Nicole” e “tem lugar de fala”.

As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres. Para vocês terem ideia do perigo que é isso, eles estão querendo colocar a imposição de uma realidade que não é a realidade“, afirmou.

Ao menos duas ações enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedem a cassação do mandato dele. Na última semana, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania elaborou uma nota técnica recomendando o início do julgamento pela cassação de mandato e o prosseguimento das apurações contra o deputado.

Além disso, o Ministério Público Federal (MPF) acionou a Câmara para apurar as falas. A procuradora Luciana Loureiro também representou pelo encaminhamento de requerimento à Mesa Diretora da Casa para averiguar “suposta violação ética”.

(*) Com informações da Folhapress

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