Txai Suruí denuncia Brasil na COP27 ao permitir lobby da JBS: ‘Nós, povos indígenas, não somos chamados’

A ativista indígena denunciou a conivência do governo do Brasil, na COP27, ao permitir que a empresa brasileira JBS utilize os espaços oficiais de diálogo para fazer lobby (Divulgação/Uma Gota no Oceano)
Da Revista Cenarium*

Sharm el-Sheikh (EG) – Durante encontro realizado neste sábado, 12, na 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27), em que foram discutidas as ameaças que o garimpo e o crime organizado representam às lideranças femininas de povos tradicionais, na Amazônia brasileira, a ativista indígena Txai Suruí, do povo Paiter Suruí, de Rondônia, denunciou a conivência da delegação do governo do Brasil, na COP27, ao permitir que a empresa brasileira de alimentos, JBS, utilize os espaços oficiais de diálogo para fazer lobby a favor dos próprios negócios. Investigação recente publicada pela Repórter Brasil expôs que a JBS comprou quase 9 mil bois ilegais do “maior desmatador do País”.

(Divulgação/Uma Gota no Oceano)

“A delegação oficial do Brasil trouxe representantes da JBS que, inclusive, vão ter lugar de fala aqui no stand oficial, enquanto nós (povos indígenas) não temos (espaço), enquanto nós não somos chamados (para falar aqui). O governo brasileiro, a delegação oficial, trouxe essas pessoas. A segunda maior delegação da COP está trazendo empresas para fazer lobby, está trazendo esposas de governadores e esposas de seus assessores especiais, mas não abre espaço para os povos originários”, afirmou Txai Suruí.

A liderança indígena, única brasileira a discursar na abertura da última COP, a 26ª edição, que aconteceu na Escócia, também denunciou o Consórcio da Amazônia Legal, autarquia interestadual e representativa dos nove governos estaduais amazônicos, de dar preferência e espaço para presença de primeiras-damas e esposas dos assessores especiais dos Estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso. “Quando que a gente vai trazer, na nossa delegação, as nossas verdadeiras representatividades? Porque durante esses últimos quatro anos de destruição, quem não deixou a imagem ficar ainda pior são as pessoas que estão aqui e que vos falam. São os povos indígenas que fizeram esse papel da diplomacia e que estão na defesa da floresta e da nossa vida. A gente não pode mais deixar que isso aconteça, a gente não pode mais deixar que essa realidade continue. A gente precisa voltar a olhar para o futuro”, completou.

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O evento “A resistência feminina na Amazônia – a luta de lideranças ameaçadas pelo garimpo ilegal e crime organizado”, organizado pela Uma Gota no Oceano – ONG especializada em comunicação estratégica para movimentos socioambientais –, aconteceu no espaço do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal e contou também com as presenças de Sônia Guajajara, Joênia Wapichana, Neidinha Suruí, Célia Pinto, Marciely Ayap Tupari e Illona Szabó. A COP27, que este ano acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito, segue até o próximo dia 18.

(*) Com informações da assessoria
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