Venezuelanos são resgatados por trabalho análogo à escravidão em instituição religiosa

Venezuelanos trabalhavam em troca de abrigo (Reprodução/Shutter Stock)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – Durante uma ação da Polícia Federal (PF), realizada nesta terça-feira, 19, 33 migrantes venezuelanos foram resgatados em condições de trabalho análogas à escravidão. A operação foi realizada em parceria com a Defensoria Pública da União (DPU) e o Ministério Público do Trabalho (MPT), em um abrigo mantido por uma instituição religiosa em Pacaraima, Roraima, cidade na fronteira com a Venezuela, a cerca de 213 quilômetros da capital Boa Vista.

Durante a operação, foi constatada a exploração dos venezuelanos recém-chegados ao País. Eles pagavam uma taxa mensal de R$ 100 para se hospedar e tinham a saída restrita, sendo ainda obrigados a trabalhar em troca de abrigo. Além disso, segundo as denúncias, eles eram proibidos de exercer atividades em outros lugares, tinham seus documentos retidos e eram ameaçados.

Venezuelanos viviam em condição análoga à de escravos
Venezuelanos foram resgatados nesta terça-feira, 19 (Divulgação/PF)

Como resultado da operação, uma pessoa foi detida em flagrante por posse ilegal de arma. Os donos do estabelecimento não estavam presentes durante a ação policial.

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Policiais federais e agentes da Defensoria Pública da União e do Ministério Público do Trabalho realizaram operação nesta terça-feira, 19 (Divulgação/PF)
Resgates

A ação foi realizada menos de duas semanas após um idoso da etnia Wapichana, de 73 anos, ter sido resgatado vivendo em condições análogas à escravidão em uma fazenda na região da Serra da Lua, em Bonfim (município a 126 quilômetros de Boa Vista), na fronteira com a Guiana.

À Polícia Militar de Roraima (PMRR), o idoso contou que vivia há 30 anos recebendo R$ 400 e uma cesta básica. Os agentes da PMRR chegaram ao local por meio de uma denúncia anônima e encontraram a vítima, que vivia sozinha em uma casa, em situação precária. Na varanda da residência, havia carnes com moscas penduradas nos varais.

Idoso vivia em uma casa de madeira no município de Bonfim (Reprodução/PMRR)
Trabalhadores

Em 2023, Roraima teve 69 trabalhadores em condições análogas à escravidão resgatados por fiscais da inspeção do trabalho. Em março, trabalhadores foram resgatados em uma fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), sendo seis em uma atividade de desmatamento em Caracaraí, Roraima, e 29 em uma fazenda situada em Amajari, também no Estado. No caso de Caracaraí, situado a 140 quilômetros da capital Boa Vista, os seis trabalhadores foram encontrados na extração de madeira nativa, com uso de tratores e motosserras. Cinco deles trabalhavam, diretamente, no corte da madeira e um era cozinheiro.

Em todo o Brasil, 473 nomes de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão estão na lista suja do trabalho escravo divulgada em outubro. A atualização é a maior da história, segundo o Ministério do Trabalho e Emprego. As atividades econômicas dos empregadores brasileiros incluídos na lista são: produção de carvão vegetal (23), criação de bovinos para corte (22), serviços domésticos (19), cultivo de café (12) e extração e britamento de pedras (11).

Leia mais: Em Roraima, 35 trabalhadores em condições análogas à escravidão são resgatados
Editado por Yana Lima
Revisado por Adriana Gonzaga
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