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‘Ainda estamos preocupados’, diz líder indígena André Baniwa sobre pandemia e aquecimento global em 2022
André Baniwa fala com exclusividade à REVISTA CENARIUM (Arquivo Pessoal/Reprodução)
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28 de janeiro de 2022
Bruno Pacheco — Da Revista Cenarium
MANAUS — Uma das mais potentes lideranças indígenas do Amazonas, quiçá do Brasil, André Fernando Baniwa, do povo Baniwa, um dos rostos que contribuíram para estampar a capa da REVISTA CENARIUM de janeiro deste ano, afirma estar preocupado com o cenário pandêmico mundial e com o aquecimento global que assola a humanidade.
“Eu estou preocupado. Continuo preocupado com a questão da pandemia. Eu leio algumas notícias, acompanho debates sobre mudanças climáticas, aquecimento global, essa doença e do que está acontecendo no mundo. E é preocupante”, declarou o líder Baniwa, com exclusividade à REVISTACENARIUM.
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Em meio aos eventos extremos que vêm se tornando cada vez mais evidentes em todo o planeta e serão mais comuns e intensos, segundo o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o líder Baniwa lembra ainda do desastre ecológico que esses fenômenos causam.
“Muitos especialistas da área da ciência [afirmam que], por causa do desequilíbrio ecológico, cada vez mais vão ter desastres ecológicos, aquecimento global, surgimento de novas doenças, como o coronavírus, que serão mais constantes”, frisou.
Natural da comunidade Tucumã Rupitá, no médio rio Içana II, na Terra Indígena do Alto Rio Negro, em São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus, no Amazonas), André Baniwa nasceu em 1971 e, hoje, aos 50 anos, é escritor, professor, empreendedor social, gestor de planejamento e projetos em educação, economia e empreendedorismo. Filho do artesão Fernando José e da agricultora Aurora, André tem ganhado destaque na luta pelos direitos dos povos tradicionais e da defesa da floresta.
Desde a infância, André sonhava em estudar na cidade, assim como fez seus irmãos, na busca pelo conhecimento. Mesmo enfrentando a resistência do pai, o indígena conta como conseguiu reverter a situação e realizou sua vontade de também viajar.
“Eu via meus irmãos saírem para estudar em Manaus e eu desejava muito estudar também. Meu pai chegou a se decepcionar, porque ele queria os filhos dele por perto, pois a escola estava os levando para fora. Quando chegou minha vez, ele disse: ‘não, não dá. Não precisa mais estudar’. Mas, com muito esforço, muito diálogo, muitas dificuldades, eu decidi e falei com meu pai que queria continuar estudando”, lembrou André Baniwa.
Militância e Educação
Após dialogar com o pai, o líder indígena mudou-se para Manaus, onde concluiu, no ano de 1991, o Ensino Fundamental profissional em Agrozootecnia, com o apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai). Ao retornar para sua comunidade, passou a ministrar aulas para os Baniwa e ingressou no movimento indígena em 1992, por meio da Organização Indígena da Bacia do Içana (OIBI). Desde então, nunca mais parou de militar pelo seu povo.
“Desde lá, não parei de trabalhar na associação do meu povo, no contexto do movimento indígena Baniwa, do Rio Negro, e assim eu vim aparecendo e tendo experiências desse ativismo, desenvolvendo muitos trabalhos. A partir do entendimento dos nossos direitos na Constituição de 1988, naquele capítulo específico dos povos indígenas, colocamos muitos projetos em prática”, reforçou André Baniwa.
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