Alunos da UFPA criam turbina a vapor para geração de eletricidade em comunidades da Amazônia

Dispositivo desenvolvido pelo grupo (Reprodução/Redes Sociais)
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – Alunos do programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Pará (UFPA) criaram uma turbina a vapor que opera em baixa pressão, apta para gerar energia elétrica a partir de biomassa para comunidades isoladas na Amazônia. O dispositivo demonstrou eficiência durante os testes realizados, com capacidade para suprir as necessidades de cinco famílias. O projeto da pesquisa foi divulgado como artigo científico na Revista Matéria na sexta-feira, 7.

Segundo o grupo de pesquisadores formado por Davi Cavalcante, Marcelo de Oliveira, Marcos André Galhardo e Leon Araújo, a tecnologia foi desenvolvida para garantir o funcionamento de serviços básicos e melhorar a qualidade de vida em comunidades mais afastadas, especialmente as localizadas na região amazônica, que detém de abundância de biomassa. “A biomassa está amplamente disponível em diversas comunidades, inclusive, onde ocorrem atividades agrícolas sustentáveis, como a utilização do caroço do açaí e o bagaço de cana”, explica o grupo.

No centro da foto, Davi Cavalcante, um dos responsáveis pela pesquisa (Reprodução/Facebook)

“A Amazônia possui um enorme potencial de biomassa, representando uma importante fonte a ser utilizada em sistemas térmicos para geração de energia elétrica. Por exemplo, o fruto do açaí, após ser consumido pela população, tem muitas toneladas de caroço que são descartados de forma inadequada, todos os dias, na natureza. Além disso, partes consideráveis da região amazônica ainda carecem de acesso a serviços de eletricidade, em grande parte devido às longas distâncias a serem percorridas, bem como à topografia desafiadora”, destaca a pesquisa.

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Caroço de açaí descartado na região pode ser transformado em energia (Reprodução/UFPA)

As turbinas a vapor são dispositivos eficientes que convertem energia térmica em trabalho mecânico, por meio do vapor pressurizado, sendo compostas por pás móveis conectadas a um rotor e palhetas que aceleram em altas velocidades. O dispositivo consiste em uma caldeira com dimensões de dois metros de comprimento por um metro de diâmetro, juntamente com uma turbina de 30 a 50 centímetros.

De acordo com testes realizados em 2019, esse equipamento demonstrou a capacidade de gerar, aproximadamente, 500 Watts (W) de energia, operando em baixa pressão e alimentado com 250 quilogramas de biomassa. “A hipótese do estudo seria atingir uma potência elétrica máxima de até 500 W, porém, o sistema superou essa expectativa, mantendo uma velocidade de rotação e potência elétrica confiável para gerar eletricidade em valores superiores aos alcançados”, concluiu o estudo.

Formação completa do dispositivo (Reprodução/Facebook)

O mestre em engenharia mecânica, Davi Cavalcante, ressalta que a turbina apresenta vantagens ambientais significativas em comparação com os geradores a diesel frequentemente utilizados na região. Uma das razões é que o combustível da turbina é um subproduto descartado, não gerando poluição. Além disso, o engenheiro destaca que o projeto segue em fase de melhorias. “Estamos trabalhando em um projeto de uma turbina não maior do que uma panela, com uma caldeira do tamanho de um botijão de gás que poderia ser instalada para uso de uma só família ou otimizada para mais casas”, disse Cavalcante.

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Leia a íntegra do artigo:
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