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Amazonenses e paraenses que vivem na Europa relatam medo em meio à guerra na Ucrânia
Brasileiros relatam clima de tensão em vários países da Europa (Foto: Emilio Morenatti/AP)
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25 de fevereiro de 2022
Rômulo D’Castro – Da Revista Cenarium
ALTAMIRA (PA) – O desespero ao tentar deixar a Ucrânia acompanhou Cristiane Barros Nedashkovskaya na viagem para outro País. A paraense de 30 anos disse à TV Globo que desde que a guerra começou as horas são de pânico.
“Eu ouvi o barulho de uma bomba. Foi um momento em que não consegui acreditar que estava passando por isso”, relatou a paraense.
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Cristiane deixou a capital Kiev sem o marido ucraniano. Levou poucas roupas e alguns itens. Acompanhada de um amigo, de carro, conseguiu seguir para mais longe do bombardeio, mas ainda tenta deixar o território em guerra. Foi o que relatou a brasileira em entrevista ao programa ‘Mais Você’, nesta sexta-feira, 25.
“Nas fronteiras, todo ucraniano de 18 a 60 anos está proibido de deixar o país. Então, estão ocorrendo revistas em todos os veículos, cargas e bagagens. Estamos com toda documentação que possam pedir: carteira de vacinação, passaporte em dia, permissões de residência na Ucrânia”, disse.
O medo de Cristiane é o mesmo de outros paraenses. E não apenas os que vivem na Ucrânia. “Essas sirenes tenebrosas tocando. A ‘coisa’ está acontecendo. Há um sentimento de apreensão”, o relato sobre a preocupação de que as tropas da Rússia avancem para a Polônia é do paraense Samuel Figueira Cardoso, que mora no país europeu.
O professor universitário é um dos milhares de brasileiros que vivem na Europa e tem presenciado de perto a tensão mundial criada pelo ataque ordenado por Vladimir Putin, presidente da Rússia.
Mesmo em meio ao caos, o professor paraense acredita que seja “difícil uma invasão à Polônia, até mesmo porque a Polônia faz parte da Otan [maior tratado militar do planeta]”.
Em solidariedade a ucranianos que sofrem as consequências da invasão russa, poloneses realizaram uma manifestação virtual pedindo o fim da guerra. Uma vela simbolizou a campanha.
Em Portugal, paraenses também passaram a compartilhar o clima de preocupação. Márcia Andrade é jornalista e há sete anos mora no país que sentiu o peso de uma guerra que se desenha na Europa. Em vídeo, Márcia explica que “a Europa vive um sentimento de medo, de tensão e de solidariedade aos ucranianos que vivem no país português”.
A correspondente também conta que “Portugal condenou, veementemente, o ataque da Rússia”.
O temor se espalha por toda a Europa e além de paraenses também aflige outros brasileiros, como Tainá Smith que vive na Inglaterra. Natural do Amazonas, a jornalista, que mora com o marido e o filho de um ano, no país, que condenou a invasão da Rússia à Ucrânia, comenta que o impacto imediato sentido na “Terra da Rainha” foi econômico.
“O barril de petróleo disparou [ultrapassou US$ 105 dólares] e as bolsas caíram”, explica a amazonense que destaca a fala do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Jonhson. Em pronunciamento oficial, Johnson disse que “Putin escolheu um derramamento de sangue”.
Brasileiros na Ucrânia
O Governo Federal estima que 500 brasileiros vivam na Ucrânia, centro da guerra. O número não é exato porque, segundo o Ministério de Relações Exteriores, o país ucraniano não exige registro de brasileiros e muitos podem não ter declarado residência.
O diretor de Comunicação do Ministério de Relações Exteriores, Adriano Pucci, disse, em comunicado à imprensa, que a “convicção é de quanto mais se deteriora uma situação, mais razão existe para o diálogo. O Brasil não pretende contribuir para fazer rufarem os tambores da guerra. Por dentro, eles estão vazios. Nossa posição é a paz”.
Bolsonaro “calado”
Cobrado por um posicionamento direto sobre a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) não se pronunciou em cadeia nacional, em discurso esperado desde que o conflito começou na Europa.
A fala de Bolsonaro veio, apenas, durante mais uma das já conhecidas lives de quintas-feiras, quando o presidente se reúne com alguns integrantes do governo para tecer comentários sobre a administração federal e outros assuntos.
Na transmissão de ontem, 24 de fevereiro, Jair Messias Bolsonaro limitou-se a dizer que cabe a ele decidir se fala ou não sobre o conflito. Pouco antes da guerra, Bolsonaro esteve na Rússia onde mostrou “solidariedade” ao país que dias depois ordenaria a invasão da Ucrânia.
Ainda durante a live, Bolsonaro criticou uma fala do vice-presidente Hamilton Mourão. De acordo com o chefe de Estado, Mourão “falou besteira” ao dizer que o Brasil era contra a invasão da Rússia à Ucrânia.
“Com todo respeito à pessoa que falou isso, eu vi as imagens e falou mesmo. Tá falando o que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa”, pontuou o presidente brasileiro.
Como o mundo assiste à guerra
Com a guerra iniciada pela Rússia, classificada como maior ataque entre nações desde a Segunda Guerra Mundial, líderes de vários países se manifestaram contra a decisão de Vladimir Putin.
“Nós estamos impedindo que os russos obtenham dinheiro de americanos ou empresas americanas”, declarou Joe Biden sobre o corte econômico a bilionários do país comandado por Putin. Biden também ordenou sanções contra negócios nos campos aéreo e de tecnologia para “reduzir a capacidade de eles [russos] competirem com seus navios, e isso afetará as ambições, a longo prazo, do presidente Putin”.
Biden disse, ainda, que os Estados Unidos vão reforçar apoio a aliados, principalmente, aos da região Leste, centro do confronto. “A Otan terá uma reunião de cúpula para reunir todos os líderes das nações para confirmar nossa solidariedade e mapear os próximos passos que tomaremos para fortalecer todos os aspectos da nossa aliança na Otan”.
REINO UNIDO – O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, condenou o ataque ordenado por Vladimir Putin. Johnson classificou a guerra como “catástrofe para a Europa”.
Para Boris Johnson, o presidente russo “optou pelo caminho do derramamento de sangue e de destruição”. O Reino Unido também aplicou sanções contra a Rússia.
Ainda conforme o primeiro-ministro britânico, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, foi contactado pelo Reino Unido que ofereceu ajuda humanitária ao país após ser alvo da guerra.
CHINA – Uma das maiores potências do planeta e dona de um dos maiores estoques bélicos, a China mantém-se “neutra” e decidiu por não tecer críticas ao ataque ordenado por Putin.
Para a superpotência mundial, é preciso avaliar detalhes que levaram a Rússia a decidir pelo conflito. A China se nega a usar o termo “invasão” e também se posicionou contra as sanções impostas por países como os Estados Unidos.
A guerra em números
De acordo com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, o conflito com a Rússia já matou 137 pessoas e deixou 316 feridas. Há registros de 100 mil ucranianos que abandonaram suas casas.
A Rede BBC divulgou que o governo do país atacado fala, ainda, em um suposto ataque à capital Kiev para onde a Rússia teria enviado 10 mil soldados que teriam como missão cercar a cidade e atacar a qualquer momento.
Como resposta, Volodymyr Zelensky ordenou a distribuição de 18 mil armas para que cidadãos ucranianos tentem se defender da ofensiva.
Em uma publicação na internet, a Ucrânia disse estar vivendo os tempos da Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha causou a maior matança da história. O perfil do país divulgou uma caricatura em que compara Vladimir Putin a Hitler.
Como tudo começou
A ordem de Putin para que a Rússia atacasse a Ucrânia foi dada no início da madrugada desta quinta-feira, 24 de fevereiro.
Tropas russas cercaram o território ucraniano iniciando um bombardeio sem precedentes. Putin chegou a declarar que os ataques seriam apenas contra unidades militares de separatistas que vivem no Leste da Ucrânia.
Mas, ainda durante a manhã, os prejuízos refletiram as consequências da ação que destruiu dezenas de prédios e residências de civis, além de bloquear estradas, aeroporto e a costa marítima do país. A Ucrânia está isolada, informa a imprensa internacional.
A decisão de Putin pelo ataque seria uma forma de a Rússia mostrar poder bélico contra a insistência da Ucrânia em entrar para a Otan, maior tratado militar do planeta. A entrada da Ucrânia seria uma ameaça para os russos, acusa Vladimir Putin.
A Otan foi criada em 1949, como consequência da Guerra Fria. Sediada em Washington, nos Estados Unidos, tinha como missão reforçar a segurança de países aliados à nação norte-americana. 70 anos depois, a organização mundial teria tomado outras dimensões e o discurso da defesa seguido outros caminhos.
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