Ucrânia recusa ultimato da Rússia e negociação para cessar-fogo perde força

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, no Kremlin, na sexta-feira, 25. (Foto: Alexey Nikolsky / AFP)

Com informações do O Globo

KIEV – O governo da Ucrânia afirmou que não vai aceitar ultimatos ou condições inaceitáveis da Rússia, esfriando a hipótese de uma mesa de negociação sobre a guerra entre as partes, conforme considerado na sexta-feira, 25. 

Mykhailo Podolyak, assessor do gabinete do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse à Reuters que a Ucrânia preparou uma posição de negociação, mas logo em seguida foi confrontada com condições inviáveis de negociação da Rússia. Ele tomou o cuidado de ressaltar que Kiev não está se recusando a negociar um cessar-fogo com a Rússia, mas deixou claro os termos de Moscou para negociar.

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“Ontem, as ações agressivas das Forças Armadas da Federação Russa se intensificaram, chegando a ataques aéreos e mísseis noturnos em cidades ucranianas”, disse ele em uma mensagem. “Consideramos tais ações apenas uma tentativa de quebrar a Ucrânia e forçá-la a aceitar condições, categoricamente, inaceitáveis”.

Na sexta-feira, em duas mensagens independentes, Zelensky pediu uma saída negociada para a guerra, dizendo que qualquer assunto poderia estar em pauta para um acordo. O líder ucraniano afirmou que poderia discutir a adoção de um “status neutro”, por seu país, o que na prática equivaleria à desistência de entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

A Rússia adotou uma série de posturas contraditórias, primeiro negando, mas em seguida dizendo que aceitaria enviar uma delegação para negociações em Minsk, capital bielorrussa. Impôs como condição, para qualquer solução de armistício, no entanto, a desmilitarização da Ucrânia. Na prática, isso significaria a rendição do Exército do país.

Neste sábado, o Kremlin reagiu ao informe de Kiev culpando o lado ucraniano pela ofensiva russa retomada horas antes, após uma breve pausa.

— Em consonância com as negociações esperadas, ontem à tarde, 25, o presidente russo ordenou suspender o avanço das principais forças — afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. — Visto que o lado ucraniano rechaçou as negociações, as forças russas retomaram o avanço nesta tarde, 26.

O Ministério da Defesa russo fez uma afirmação similar, de que todas as unidades russas, na Ucrânia, receberam, no sábado, a ordem de retomar sua ofensiva de todas as direções, após uma pausa na sexta-feira, disse a agência de notícias RIA.

O Exército russo conduziu sua ofensiva, neste sábado, antes de a Ucrânia se manifestar publicamente sobre considerar as condições do Kremlin inaceitáveis.

Mesmo se a Ucrânia aceitasse desmilitarizar-se — isto é, abrir mão de suas Forças Armadas — é improvável que Putin fosse respeitar a soberania do país e deixar de lado o objetivo de trocar a liderança da Ucrânia.

Uma hora após o governo russo ter dito que poderia negociar, Putin foi à televisão para pedir a militares ucranianos para darem um golpe de Estado contra Zelesnky e seu círculo, descritos como um “bando de drogados e neonazistas”.

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