Amazonenses enfrentam mais 15 horas de viagem de barco para passar o Natal com a família

Aline Félix e o filho, Ismael Mendes, com destino a Urucará, no interior do Amazonas (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Com a proximidade do Natal, neste domingo, 25, data marcada pela celebração com famílias e amigos, muitos amazonenses enfrentam horas de viagens em barcos para municípios no interior do Estado. Em alguns casos, são mais de 24 horas de percurso pelos rios da região, considerados meios fundamentais para o transporte da população na região amazônica.

Na Manaus Moderna, zona Sul de Manaus, são várias as opções de embarcações para se locomover às cidades, como o tipo recreio, nas quais são possíveis viajar em redes ou em suítes, mas que são mais demorados que as viagens em jatos ou lanchas.

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O porto da Manaus Moderna, na zona Sul de Manaus, é uma das portas de entrada da cidade (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

O auxiliar de produção Jackson Castro, natural de Urucará, a 259 quilômetros de Manaus, atou sua rede no barco Capitão Vivaldo, junto com a esposa e a irmã. Ele mora em Manaus, capital amazonense, há quatro anos, mas faz questão de ir todo Natal ao município celebrar na casa da avó materna. Neste ano, os três enfrentam 15 horas de viagem. Apesar de mais demorado, o valor é mais “em conta”: R$ 150 por pessoa, e crianças pagam a metade.

Ele contou que, apesar das dificuldades, não abre mão de passar o Natal com a família. “Por causa dos familiares, que se encontram tudo lá, e é uma data comemorativa que é sobre família e a gente tem que está reunido, em comunhão, como Deus nos ensinou. É uma sensação boa viajar de barco, apreciando a paisagem. Isso não tem preço, é muito bom“, afirmou.

O auxiliar de produção Jackson Castro e a esposa (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

A autônoma Aline Félix também levou o filho Ismael Filho da Silva Mendes, 10 anos, para passar a data em Urucará. Ela mora em Manaus há 35 anos, mas não ia ao município há cinco anos. Lá, pelo menos 40 pessoas vão comemorar o Natal na casa da avó materna de Aline.

Eu moro aqui há 35 anos e faço questão de passar o final de ano com a minha família, com a minha mãe, com os meus irmãos. No dia a dia tem muita correria e queremos aproveitar a família no Natal, aproveitar também e dar esse presente para minha mãe, que tem 84 anos”, disse.

Ismael contou que gosta de viajar de barco e curte mais ainda celebrar o dia 25 de dezembro com os familiares. “Já fui outras vezes e eu gosto de viajar de barco, eu pego o ventinho e acho legal. Gosto de ver os animais, os botos e gosto de ver os meus tios que sinto saudade deles“, declarou.

“Faço questão de passar o final de ano com a minha família”, diz a autônoma Aline Félix (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Viagens mais caras

Já no Aeroporto Eduardo Gomes, na zona Oeste de Manaus, a nutricionista Laura Nunes aguardava o voo para o Estado de São Paulo, onde passará o Natal com o marido e a filha. Mas ela precisou pagar mais caro para viajar no feriado. “Antes, apesar de ser bem-planejado, saia em torno de R$ 6 mil, R$ 5 mil. Hoje, sendo planejado ou não, está bem mais difícil. No caso é R$ 10 mil, R$ 8 mil, R$ 9 mil, às vezes, na promoção”, explicou.

Apesar do aumento, Laura e a família não desistiram da fazer a viagem “A gente deixa de fazer uma viagem mais turística para ficar com a família. Acho que o Natal tem esse sentimento de paz, harmonia, de matar a saudade, fazer aquela ceia maravilhosa, presentear, que não está fácil presentear, mas a gente sempre leva um agradinho para todo mundo”, concluiu ela.

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Laura Nunes e a filha, no Aeroporto Eduardo Gomes, com destino a São Paulo (Ricardo Oliveira/ Revista Cenarium)

Alta nos valores

A alta nos valores de passagens aéreas foi apontada por pesquisas. Estudo do buscador de voos Viajala indicou que os preços das passagens aéreas nacionais aumentaram 55%, em média, de janeiro a setembro de 2022, em comparação ao mesmo intervalo de 2021. Já em relação ao mesmo período de 2019, ano anterior à pandemia de Covid-19, os voos nacionais encareceram 50%, em média.

Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) justificou que as passagens recentemente se tornaram mais caras aos consumidores devido à alta no querosene de aviação, que subiu quase 50%, somente neste ano, e tem um peso significativo nos custos das companhias, que chega a mais de 40%. 

Pesquisas apontaram que o preço das passagens aéreas aumentaram em 2022 (Ricardo Oliveira/Revista Cenarium)
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