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Amazônia: Mato Grosso tem maior número de alertas de desmatamento em fevereiro
Imagem aérea mostra desmatamento perto de uma floresta na fronteira entre a Amazônia e o cerrado em Nova Xavantina, Mato Grosso. (REUTERS/Amanda Perobelli//File Photo)
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10 de março de 2023
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium
MANAUS – O Mato Grosso, Estado com parte integrante na Amazônia Legal brasileira, foi o que registrou maior área de alerta de desmatamento no mês de fevereiro, com 162 km² (50,3% do total de 322 km²), de acordo com levantamento divulgado nesta sexta-feira, 10, pelo Greenpeace Brasil. O Amapá e o Amazonas, ambos com 46 km² (14.2% do total), seguiram o Estado mato-grossense.
Porta-voz de Amazônia da organização, Rômulo Batista explica que os Estados integram o que hoje se chama de “arco do desmatamento” na região amazônica, ou fronteira de expansão da pecuária e da agropecuária. O Mato Grosso e o Pará já apareciam, “tradicionalmente”, como os que mais desmatavam. Mas no caso do Amazonas, essa expansão é mais recente.
“Classicamente, até algum tempo atrás, a gente tinha Rondônia, Mato Grosso, Pará e indo até a parte amazônica do Maranhão. Mas ele[o desmatamento] deu um salto e agora está afetando muito forte ali parte do Acre, além de Rondônia e o Sul do Amazonas. Então, a gente tem, na verdade, quase todos os Estados da Amazônia legal, claro que não estamos nos referindo a Roraima e o Amapá, que estão mais ao Norte, mas todos os Estados que estão na porção mais Sul da Amazônia têm sofrido com isso”, afirma.
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Batista explica que, no Pará, a frente de desmatamento se concentra principalmente ao Sul e ao longo das rodovias que cortam o Estado e toda a região Norte. No Mato Grosso, a área chamada de “nortão”, ao Norte, é a mais afetada, devido à expansão do agronegócio e da grilagem. No Amazonas, o desmatamento se dá, principalmente, pela ocupação desordenada e o desmatamento ocorre mais em áreas de florestas públicas não destinadas.
“No Sul do Amazonas, Boca do Acre, Apuí, Lábrea, Humaitá e Manicoré vêm passando por um intenso processo de ocupação desordenada. Essa ocupação se dá por diversas razões, mas também muita área que é floresta pública não destinada, ou seja, é área do Estado ou do governo federal, sendo ocupada e desmatada, em especial para produção pecuária, para colocar pasto e aproveitando também essa movimentação e grilando terra para posteriormente ser vendida”, acrescenta.
Ainda de acordo com o Greenpeace, baseado em dados apresentados pelo sistema Deter-B, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), fevereiro bateu o recorde de alertas de desmatamento da série histórica, chegando a 322 km². Os dados representam um aumento de 61,8% em relação ao mesmo mês no ano de 2022, que chegou a 199 km² de área desmatada.
Já no mês de janeiro, o acumulado de alertas de desmatamento foi de 167 km², registrando uma queda de 61% em relação ao mesmo período em 2022. A redução de janeiro, assim como a alta de fevereiro, podem estar relacionadas a uma maior cobertura de nuvens nessa época do ano, que corresponde à temporada de chuvas na Amazônia. O sistema do Inpe utiliza imagens de satélites com sensores ópticos que podem ser afetados pela ocorrência de nuvens.
“Ainda é cedo para confirmar qualquer tendência relacionada ao desmatamento, pois janeiro e fevereiro são períodos de muitas nuvens e chuva, com valores historicamente menores de destruição. O que podemos afirmar com clareza é que os eventos climáticos estão afetando de forma mais recorrente o Brasil e que o controle do desmatamento é fundamental para atenuar as perdas. As ações anunciadas pelo atual governo são bem-vindas, mas é necessário que toda a sociedade participe desse processo de reconstrução ambiental”, afirma Mariana Napolitano, gerente de Conservação do WWF-Brasil.
Fiscalização
A Amazônia Legal tem cinco milhões de quilômetros quadrados, abrange 59% do território brasileiro e é distribuída por 775 municípios. Para Rômulo Batista, o desmatamento na região é um “problema complexo” e a solução não será imediata, mas a nova gestão do governo federal tem se articulado para combater as ilegalidades.
“[O governo] já começou a fazer algumas ações, como a volta do Fundo Amazônia, que tem R$ 3 bilhões que podem ser utilizados para apoio de fiscalização, comando e controle na Amazônia. Tem que também gerar, com esse fundo, oportunidade de renda pro povo do interior não depender da indústria do desmatamento ilegal para sobreviver. Também já anunciou a volta do PPCDAM [Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal], que reúne diversos ministérios para olhar para isso”, acrescenta.
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