Ambientalistas defendem legalidade de ações do Ibama em resposta a Silas Câmara

Ibama queima estrutura do garimpo. (Divulgação)
Thais Matos – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS (AM) – Ambientalistas consultados pela REVISTA CENARIUM AMAZÔNIA criticaram a postura do deputado federal Silas Câmara (Republicanos) que lamentou as operações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que queimam estruturas do garimpo ilegal.

Na avaliação deles, o governo federal, através do Ibama, só está cumprindo a lei, uma vez que o garimpo ocorre dentro de terras indígenas, consideradas invioláveis pelas Constituição do Brasil.

“O garimpo é uma pratica ilegal, portanto, o governo federal precisa fazer cumprir a lei que é impedir a ilegalidade. Ilegalidade essa que é múltipla, pois, não só o minério está sendo extraído de forma ilegal como eles também utilizam o mercúrio que é extremamente tóxico para toda a cadeia da vida naquela região, além disso, os trabalhadores do garimpo não tem seus direitos trabalhistas cumpridos, então são múltiplas ilegalidades ali”, alertou a socioambientalista  Muriel Saragoussi.

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Na terça-feira, 29, Silas Câmara chamou de lamentável a atuação do governo federal na calha do rio Madeira, no Amazonas. O discurso foi feito durante sessão plenária da Câmara dos Deputados.

“Hoje sem nenhum aviso, sem nenhum diálogo, estão colocando fogo naquilo que não é apenas a ferramenta de trabalho de homens e mulheres honestos, mas muitos deles também serve como local de moradia dessas pessoas, portanto gente insensível que não tem nenhum compromisso em gerar dignidade e respeito para quem trabalha de forma correta”, discursou o deputado.

Segundo o deputado, na calha do rio Madeira, que compreende os municípios de Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda, há cerca de 6 mil homens e mulheres, pais e mães de família, que atuam diretamente como extrativistas mineral familiar.

Exploração

A socioambientalista, relatou que é preciso ter cuidado de separar os trabalhadores do garimpo dos empresários do garimpo que são os que cometem a maior parte das irregularidades.

“Fato dos garimpeiros estarem nessas péssimas condições de trabalho não é culpa do governo federal e sim culpa dos seus patrões, o governo federal está tentando fazer a lei ser cumprida e tentando fazer com que essas pessoas saiam dessas condições de escravos dos donos e empresários do garimpo. É preciso ter cuidado de separar os trabalhadores do garimpo dos empresários do garimpo que são os que cometem a maior parte das irregularidades”, complementou.

Muriel Saragoussi. (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o ativista ambiental Sidney Fernandes, é preciso pensar um plano que de fato seja efetivo não só do ponto de vista ambiental mas social para que essa atividade seja feita de forma sustentável.

“É lamentável a gente ouvir de um representante do povo comentários como esse, ainda mais se tratando de um contexto de ilegalidade, de uma atividade que é tão nociva pro contexto amazônico. É claro que devemos levar em conta também os impactos econômicos positivos que essa atividade, se praticada de maneira sustentável, pode vim a tornar um bem pra sociedade, mas muito antes de pensar nos direitos dos garimpeiros, ainda mais estando ilegal, é muito importante a gente ouvir a sociedade”, relatou.

(Foto: Sidney Guerra/Arquivo Pesssoal)

À CENARIUM, Silas respondeu que ao explodir as dragas do garimpo, o Ibama colabora para que a água seja contaminada pelo mercúrio usado extração do ouro.

“Na minha opinião, a operação do governo é desastrosa e chega ao absurdo da irresponsabilidade. Como podem não dar oportunidade às pessoas em um diálogo no aspecto de ouvir, de construir um TAC(termo de ajuste de conduta),dando pelo menos oportunidade de se retirar documentos ou coisas mais pessoais já que muitas dessas estruturas são também casas de moradias em muitos casos só tem essa pra morar como é o hábito do nosso povo interiorano, pior. Eles explodem estruturas com mercúrio dentro e aí sim derramando de forma desordenada na água”, declarou.

Operação contra o garimpo

A mais recente ação da PF com o Ibama no combate ao garimpo ilegal, que foi considerada pelo Governo Federal como a maior destruição de infraestrutura de garimpeiros já feita no país, destruiu centenas de dragas usadas em garimpos ilegais de ouro no Amazonas.

A ação que começou no sábado (26) e não tem previsão para os retornos da equipe.

O Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, por meio das redes sociais enfatizou que agora “estamos zelando para o cumprimento das leis”.

Leia mais: Licença negada: Petrobras encontra oposição do Ibama para exploração de petróleo na Amazônia
Editado por Jefferson Ramos
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