Após estupro, associação denuncia consumo de álcool e drogas na Casai de Boa Vista

A Casai fica na zona rural de Boa Vista, em Roraima (Eduardo Oliveira /Radis)
Winicyus Gonçalves – Da Revista Cenarium Amazônia

BOA VISTA (RR) – A Hutukara Associação Yanomami (HAY) denuncia o consumo de bebidas alcoólicas, além de outras drogas como maconha e cocaína na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista e pede que o Ministério Público Federal (MPF) atue nesse caso. A denúncia foi feita após o estupro coletivo de uma menina indígena de 11 anos, próximo à Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai) em Boa Vista, Roraima.

A associação cobra a construção de um espaço exclusivo para mulheres indígenas. A entidade afirma que o local de acolhimento para os Yanomami e Ye’kwana está em condições precárias e enfrenta um grave problema de superlotação, condição que, segundo a associação, favorece a criminalidade no local.

“É fundamental um controle mais rígido da entrada de pessoas, não somente na unidade, com a presença de patrulhamento policial ao seu redor, em razão da circulação constante de não indígenas no local, como taxistas e outros (necessário disponibilizar transporte para as pessoas acolhidas na Casai)”, diz a associação em nota nas redes sociais.

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Na última segunda-feira, 18, uma menina foi embriagada e estuprada nas proximidades da casa de apoio. Quatro suspeitos, sendo dois adultos de 20 e 21 anos e dois adolescentes de 15 e 17 anos, foram encontrados ao redor da vítima. Os homens foram presos e os adolescentes apreendidos.

Segundo o Governo de Roraima, um deles confessou o estupro coletivo. Ele afirmou que os quatro embriagaram e depois violentaram a criança. Além do abuso sexual, a menina sofreu lesões corporais. Segundo o Hospital da Criança Santo Antônio, onde a menina foi atendida em Boa Vista, o quadro de saúde é estável.

Hospital da Criança Santo Antônio (Semuc/PMBV)
Apoio

A Casai é um espaço de apoio para os indígenas que precisam deslocar-se para a capital para realizarem tratamentos de saúde que não estão disponíveis próximo de suas comunidades. Geralmente, esses indígenas vêm com suas famílias e, em alguns casos, ficam alojados por semanas e até meses, o que tem provocado superlotação na unidade.

A superlotação na Casai é reflexo de um problema que começa nas comunidades indígenas, onde o acesso aos serviços de saúde é limitado à atenção básica. Consultas especializadas e exames não são disponibilizados próximos às comunidades, obrigando a remoção destes indígenas para a capital.

Dados

Roraima tem a maior taxa de casos de estupro e de estupro de vulnerável, por habitante, entre os Estados, com 114,1% para cada grupo de 100 mil habitantes, segundo o 16° Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado em julho deste ano. Os dados são referentes aos registros de 2022. O Estado também é o primeiro no ranking de tentativa de estupro e estupro de vulnerável.

Em números absolutos, em 2022, foram 726 casos de estupro e estupro de vulnerável, uma média de quase dois registros por dia. Em um ano, foram 173 casos a mais do que em 2021, quando tiveram 553 vítimas.

Além disso, Roraima foi o segundo Estado com o maior aumento no número de casos, em um ano, com um percentual de 28,1%, e ficou atrás, apenas, do Amazonas, que passou de 603 para 836, um aumento de 37,3%. A taxa de Roraima é maior que a nacional: no Brasil, essa taxa foi de 36,9% por 100 mil habitantes.

Leia mais: Menina indígena de 11 anos sofre estupro coletivo em Roraima
Editado por Jefferson Ramos
Revisado por Adriana Gonzaga
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