Hospital de campanha já atendeu mais de 300 Yanomami; maioria são crianças desnutridas e com pneumonia

Mãe e bebê Yanomami sendo atendidos no hospital de campanha, em Roraima (Divulgação)
Gabriel Abreu – Da Revista Cenarium

BOA VISTA (RR) – A Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou nesta quarta-feira, 1° de fevereiro, um balanço dos atendimentos que estão sendo realizados no hospital de campanha montado dentro da Casa de Saúde Indígena (Casai). De acordo com as informações repassadas pela major médica Juliana Freire Vandesteen, 300 indígenas Yanomami já foram atendidos, a maioria crianças. Ao todo, 31 profissionais estão envolvidos nos atendimentos indígenas.

Os indígenas Yanomami passam por uma crise humanitária na saúde, provocada, em grande maioria, pelo garimpo ilegal que se espalhou, nos últimos quatro anos, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O novo Governo Lula (PT) decretou, em meados de janeiro, Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional diante da necessidade de combate à desassistência sanitária dos povos que vivem no território Yanomami.

Criança Yanomami sendo atendida no hospital de campanha (Divulgação/FAB)

“As crianças, a gente notou que eram mais magrinhas, menores, mas de baixo peso. Por isso que a gente começou a atendê-las. [As crianças] tem conseguido fazer a suplementação alimentar, muitas delas já estão melhorando nessa parte nutricional. Nos casos de crianças recém-nascidas, tem as que nascem com baixo peso, nossa neonatologista faz a primeira avaliação e vê se há a necessidade de transferência ou não. Acredito que nós tivemos dois casos de transferência, somente, ao todo, os outros casos ficaram aqui”, afirmou a médica.

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A estrutura do hospital, montada pela FAB, na Casai, é formada por oito módulos que foram dispostos de forma que se tenha uma área com leitos de monitorização e estabilização de pacientes críticos, bem como mais seis leitos de repouso. Além disso, há módulos de ambulatórios – com atendimentos de pediatria -, módulos de ginecologia – que podem atender as gestantes e realizar exames, como o preventivo, com o resultado no mesmo dia.

Fazem parte da equipe médica do hospital de campanha pediatras, clínicos gerais, dentistas, enfermeiros e nutricionistas. A capitã médica do Hospital Central da Aeronáutica (HCA), Juliana Mattos do Amaral Tavares, descreveu o cenário encontrado pela equipe assim que chegou.

“Nos deparamos com um cenário muito difícil. Percebemos uma desnutrição crônica grave, o que ocasiona diversas doenças que acabam se agravando devido ao estado de saúde das crianças. Assim, o atendimento vem decorrendo desde que chegamos aqui, pois queremos fazer a diferença e contribuir ao máximo para a saúde dessas crianças”, salientou.

A tenente Alice Gomes Chermont de Miranda explicou como é o atendimento infantil: “São crianças que vêm em estado de emergência e que precisam desta primeira assistência. Então, a gente, primeiramente, examina, identifica qual é a doença, ministra medicações e, nos casos mais graves, temos conseguido estabilizar as crianças e direcioná-las ao hospital que presta assistência aqui na região”, esclareceu.

Casai

A Casa de Saúde Indígena (Casai) é o estabelecimento responsável pelo apoio, acolhimento e assistência aos indígenas direcionados aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). A principal missão está relacionada ao exercício da gestão da saúde indígena, no sentido de proteger, promover e recuperar a saúde dos povos indígenas, bem como orientar o desenvolvimento das ações de atenção integral à saúde indígena.

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