Abraji cobra providências de autoridades sobre ataques a jornalistas em atos golpistas e cita repórter da CENARIUM

Desde que publicou uma reportagem exclusiva sobre os financiadores dos atos antidemocráticos no Estado, jornalista da Cenarium vem sendo alvo de ofensas (Thiago Alencar/CENARIUM)
Com informações da Abraji

MANAUS – Diante do crescimento exponencial de agressões e ameaças a jornalistas que acompanham as manifestações antidemocráticas em todo o País, entidades nacionais de imprensa acionaram as autoridades locais para cobrar mais segurança e investigação da autoria dos ataques. As petições são assinadas pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e Instituto Tornavoz que oferecem apoio jurídico para o pleno exercício da liberdade de imprensa. 

Os documentos estão sendo remetidos às autoridades locais e regionais de todos os Estados onde foram registrados ataques, como Ministério Público, Secretaria de Segurança Pública do Estado e Superintendência Regional da Polícia Federal. São 54 ofícios em 18 Estados. Desde o final do ano passado, a Abraji e demais organizações têm alertado para o crescimento da violência política, potencializada pelo discurso radicalizado da eleição. 

Leia no site da Abraji: Organizações de imprensa acionam autoridades locais para investigar mais de 60 ataques a jornalistas

Consideradas antidemocráticas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por negarem o resultado eleitoral e reivindicarem uma intervenção militar para manter o presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, as manifestações têm perdido força diante de quartéis e em bloqueios de rodovias. No entanto, a violência desses grupos contra os jornalistas só tem aumentado.

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Um levantamento feito pela Abraji, em parceria com a Fenaj, mostra que, desde 30 de outubro, quando se deu o resultado eleitoral, até esta quarta-feira, 23, foram registrados 64 episódios que envolveram agressão física, ameaças de morte, expulsão de equipes dos locais públicos onde se davam os protestos e até um atentado a tiros contra a redação do site Rondônia Ao Vivo, em Porto Velho.

“Os ataques aos jornalistas preocupam cada vez mais porque escalam não só em quantidade, mas na gravidade das agressões e ameaças. As forças de segurança precisam dar o devido apoio ao trabalho jornalístico e garantir a liberdade de imprensa”, afirmou a presidente da Abraji, Katia Brembatti.

No rastro do dinheiro das manifestações

Um dos casos registrados pela Abraji vem de Manaus e se trata de ameaças de morte à repórter Ívina Garcia, da Revista Cenarium. Desde que publicou uma reportagem exclusiva sobre e os financiadores dos atos antidemocráticos no Estado, na sexta-feira passada, 18, Garcia vem sendo alvo de ofensas, xingamentos e ameaças de morte. A Abraji repercute, nacionalmente, as ameaças à jornalista da CENARIUM e cobra providências das autoridades.

No Boletim de Ocorrência (B.O) registrado na terça-feira, 22, a jornalista reportou que vem sendo perseguida e ameaçada, verbalmente, por um grupo que dissemina ódio e quer cessar sua liberdade de imprensa. A Abraji teve acesso às mensagens violentas e não vai reproduzi-las aqui. Um perfil chama militantes de extrema-direita a caçá-la, outros estendem as ameaças à família da repórter. Sob ameaça e tensão, ela teve de se afastar do trabalho por 10 dias.

Garcia flagrou, na quinta-feira passada, 17, a entrega de uma das doações ao ato extremista em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA). Um manifestante dos movimentos considerados golpistas e inconstitucionais fornece água e refrigerante aos demais militantes que não aceitam a vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reportagem investigou os dados da placa do veículo e conseguiu identificar que o dono é um empresário do ramo de varejo. Cinco empresas aparecem envolvidas no patrocínios aos atos.

Outra jornalista que sofreu ameaças foi a repórter da TV Assembleia de Mato Grosso Deisy Boroviec. Ela registrou boletim de ocorrência na segunda-feira, 21, em Cuiabá, contra um homem que a ameaçou pelo Facebook.

“A Abraji se solidariza com Ívina Garcia, Deisy Boroviec e com todos os colegas agredidos nessas três últimas semanas e reafirma que está atenta ao combate à violência política e à elucidação desses casos”, completou Brembatti.

Denuncie aqui

Em virtude da crescente e aparentemente incessante onda de violência política, a Abraji criou um formulário para que repórteres possam denunciar a agressão sofrida. Os dados pessoais coletados pelo formulário são sigilosos e todas as denúncias serão devidamente apuradas pela equipe da Abraji.

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