‘Arrancaram ela da gente’, diz irmã de estudante morta em acidente com BMW

Marcela Leiros – Da Revista Cenarium

MANAUS – Fernanda Rodrigues Pinheiro, 18 anos, morta na sexta-feira, 14, no acidente com uma BMW, era natural do Careiro, no interior do Amazonas, (distante 86.09 km de Manaus) e estava concluindo um curso Técnico de Enfermagem em Manaus. Ela morreu na véspera do último dia de curso, segundo informaram parentes à REVISTA CENARIUM. A família ainda pediu Justiça pela morte precoce da estudante.

A estudante era passageira do veículo de transporte por aplicativo, modelo Ford Ka, conduzido por Ediney Franklin Silva, 33 anos. O carro foi atingido, na sexta-feira, 14, por um carro modelo BMW (considerado de luxo) dirigido pelo tenente do Exército Yan Danrlei Ferreira Rozendo, 28 anos. Fernanda morreu no local e Ediney Franklin foi conduzido ao Hospital e Pronto-Socorro Dr. João Lúcio, na zona Leste da capital amazonense.

Fernanda morava com a irmã no Km 45 da BR-319, que liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia. De acordo com Suelini Rodrigues Pinheiro, irmã da jovem, o sentimento é de que a jovem foi “arrancada” da família. “A gente quer justiça pela vida dela, poque mataram ela, tiraram ela da gente, arrancaram ela da gente”, lamentou.

A irmã da vítima contou, ainda, que Fernanda viajava a Manaus todos os sábados para assistir às aulas do curso de Técnico em Enfermagem. O trajeto demorava cerca de duas horas, e ficava mais difícil por ter que passar pelas duas pontes que caíram da rodovia federal. No momento do acidente, as duas conversavam por meio de um aplicativo de mensagens. A REVISTA CENARIUM teve acesso à última mensagem entre as irmãs.

“Todo sábado ela ia para o curso, só que nesse sábado não ia ter ônibus, ela resolveu ir na sexta-feira para Manaus e no sábado ia para o curso dela”, contou Suelini. “Ela saiu de casa para ir estudar, até porque no sábado ia ser a última aula dela, ia acabar o cursinho dela. Quando aconteceu o acidente, a gente estava conversando, ela parou de me responder porque o cara lá avançou o sinal e bateu no carro dela”, contou a Suelini .

No trajeto do município de Careiro a Manaus, pela BR-319, é necessário pegar duas balsas e passar por duas pontes que desabaram no ano passado. Na ponte acima do Rio Curuçá, no Km 23, uma balsa faz, hoje, o transporte de veículos e pessoas. Já na ponte acima do Rio Autaz-Mirim, pedestres e motoristas transitam por uma passagem seca. Para chegar a Manaus, se pega a segunda balsa, com duração de cerca de um hora.

“A minha irmã estava indo para estudar, correndo atrás dos sonhos dela, ela era uma menina muito esforçada na questão dos estudos”, concluiu Suelini Rodrigues Pinheiro.

Entenda o caso

Fernanda Rodrigues Pinheiro foi arremessada para fora do carro no momento do acidente. Segundo consta nos depoimentos de testemunhas, aos quais a REVISTA CENARIUM teve acesso, o militar ultrapassou o sinal vermelho no cruzamento entre a Rua Ramos Ferreira e Avenida Getúlio Vargas, no Centro de Manaus. Ele foi preso em flagrante, mas pagou R$ 7 mil de fiança e foi liberado pela Justiça.

O militar ficou proibido de sair do Estado sem autorização da Justiça, além de ser obrigado a comparecer em juízo todo mês para relatar atividades realizadas e não poder se aproximar ou manter contato com a vítima sobrevivente e testemunhas. A liberdade provisória após o pagamento de fiança foi determinada pelo juiz Fábio César Olintho de Souza.

Após o acidente, o motorista da BMW foi conduzido ao Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, no bairro Adrianópolis, zona Centro-Sul de Manaus, onde realizou um teste de alcoolemia, cujo resultado foi de 00,0 mg/l, atestando que não estava embriagado. A autoridade policial arbitrou, inicialmente, fiança no valor de R$ 20 mil, mas o motorista afirmou que não tinha condições financeiras de arcar com o valor. Na audiência de custódia, o valor foi reduzido para R$ 7 mil.

Leia também: Militar do Exército que matou jovem em acidente é solto após pagar R$ 7 mil de fiança