Ateliê 23 estreia espetáculo ‘Cabaré Chinelo’ inspirado na pesquisa do historiador Narciso Freitas

O espetáculo traz uma denúncia sobre mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no século 20 (Hamyle Nobre/Divulgação)
Com informações da assessoria

MANAUS – Em novembro, o Ateliê 23 apresenta ao público a história da Belle Époque manauara não contada nos livros, com o espetáculo “Cabaré Chinelo”, inspirado na pesquisa do historiador Narciso Freitas e uma parceria com a companhia de teatro argentina García Sathicq, sobre prostitutas que viveram em Manaus na época da borracha. A temporada estreia no dia 8 de novembro, às 20h, no Teatro Gebes Medeiros (Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro) e segue todas as terças e quartas deste mês, com classificação para 18 anos.

Os ingressos antecipados estão à venda por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), pelo Sympla (sympla.com.br). Nos dias de apresentação, os bilhetes vão ser vendidos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), na entrada.

A temporada estreia no dia 8 de novembro, no Teatro Gebes Medeiros, e segue todas as terças e quartas deste mês, com classificação para 18 anos (Hamyle Nobre/Divulgação)

Em cena, o espetáculo de teatro musicado traz uma denúncia, 100 anos depois, sobre mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no início do século 20. Segundo o diretor do Ateliê 23, Taciano Soares, o projeto abre a programação de dez anos da companhia, celebrado em agosto de 2023, com uma série de novos projetos e também revisitação de trabalhos conhecidos pelo público cativo do grupo.

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“O ‘Cabaré Chinelo’ é um grande convite para que possamos falar sobre vidas que importam. Essa proposta vai ao encontro do que o Ateliê 23 tem apresentado todos esses anos, com base em material biográfico e documental, com fatos históricos, de alguém ou de uma situação real, o que chamamos de bionarrativas cênicas”, explica o artista.

O espetáculo traz uma denúncia sobre mulheres prostituídas em um grande esquema de tráfico internacional e sexual no século 20 (Hamyle Nobre/Divulgação)

O espetáculo tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), além da Fundação Nacional de Artes (Funarte) e Fondo de Ayudas para las Artes Escénicas Iberoamericanas – Iberescena.

Enredo

Taciano destaca que o projeto tem a expectativa de desmistificar o ideal romantizado que ainda existe sobre a Belle Époque em Manaus.

“Na verdade, a Belle Époque foi produto de alguns poucos homens que detinham poder e dinheiro na época da borracha e que fizeram com que a cidade fosse uma espécie de cartão postal, quando por trás disso, havia muito suor e sangue”, comenta o diretor. “Essa é a história real que, inclusive, perpetua até hoje, visto que temos, no Centro, ruas ao redor do Hotel Cassina, onde era o Cabaré Chinelo, que ainda sustenta uma subvida, mulheres prostituídas em condições sub-humanas, herança direta daquele período e do modo pelo qual homens trataram corpos e vidas de mulheres como se fossem mercadorias”.

História

Conforme o diretor, o espetáculo, que acontece entre 1900 e 1920, traz recortes dos jornais da época, com registros como tabela de valores de quanto cada uma mulher valia em ruas como Epaminondas, 10 de Julho, Itamaracá, Lobo D’Almada, Saldanha Marinho e Porto de Manaus. O material vai ser distribuído durante a peça.

“Os jornais da época foram fundamentais para entender como tudo se dava, porque é por meio das manchetes que temos acesso aos nomes das mulheres, às personalidades e a histórias muitos tristes”, afirma Taciano. “Outra questão dessa pesquisa são as ISTs, infecções sexualmente transmissíveis vinculadas à presença das prostitutas e registradas em fichas de cadastro de saúde que também vamos distribuir para a plateia. São documentos que constam nomes, origem e o termo deflorada para se referir à primeira vez dessas mulheres”.

Ficha Técnica

Taciano Soares assina a direção-geral de “Cabaré Chinelo” com a diretora e dramaturga argentina Jazmín García Sathicq na codireção, e divide a dramaturgia com Eric Lima, que é responsável ainda pela direção musical e coreografia.

No elenco estão Allícia Castro, Ana Oliveira, Carol Santa Ana, Daniely Peinado, Daphne Pompeu, Eric Lima, Fernanda Seixas, Julia Kahane, Sarah Margarido, Sofia Sahakian, Taciano Soares, Thayná Liartes, Vanja Poty e Vívian Oliveira.

A banda e arranjos contam com Cakito, Stivisson Menezes e Yago Reis. A assistência musical com Guilherme Bonates e Sarah Margarido, preparação vocal com Krishna Pennutt e provocação corporal com Viviane Palandi.

A produção do Ateliê 23 tem a assistência de direção de Carol Santa Ana e Eric Lima, figurino de Melissa Maia, cenografia de Juca di Souza, iluminação de Tabbatha Melo, pesquisa histórica de Narciso Freitas, apoio técnico de Titto Silva e Kelly Vanessa, assessoria de comunicação de Manuella Barros e fotografia e vídeo de Hamyle Nobre.

Ateliê 23

A companhia que completa uma década em agosto de 2023 tem sede no Centro de Manaus desde março de 2015, com 17 espetáculos de teatro e dança no repertório. A partir de 2020, o Ateliê 23 se lança no audiovisual com a obra “Vacas Bravas [online]” e, em 2021, com o projeto “A Bela é Poc”. A principal característica do coletivo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de doutorado “Bionarrativas Cênicas”, defendida por Taciano Soares, na Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Entre obras de sucessos de público e crítica estão “Helena”, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário do Itaú Cultural e indicado ao Prêmio Brasil Musical; “da Silva” e “Ensaio de Despedida”, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; “Vacas Bravas”, “Persona – Face Um” e “A Bela é Poc”.

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