Ato no Rio de Janeiro marca um ano das mortes de Bruno e Dom

Ato em Copacabana, no Rio, em homenagem a Bruno Pereira e Dom Phillips, mortos há um ano no Vale do Javari (Eduardo Anizelli/Folhapress)
Da Revista Cenarium*

MANAUS – Familiares e amigos de Bruno Pereira e Dom Philips realizaram nesta segunda-feira, 5, um ato na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para lembrar um ano dos assassinatos do indigenista e do jornalista britânico no Vale do Javari, no Amazonas. Manifestações ocorrem também em outras cidades do país, como Brasília e Salvador.

O protesto foi marcado por críticas de que, um ano depois das mortes, não foram tomadas medidas de proteção às terras indígenas.

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“Ainda estão batendo cabeça. Não tomaram providências efetivas de fato. O Estado brasileiro deve uma explicação ao mundo, porque o mundo se comoveu com esses assassinatos”, disse Beto Marubo, líder da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), organização na qual Bruno também atuou.

Ato em Copacabana, no Rio, em homenagem a Bruno Pereira e Dom Phillips, mortos há um ano no Vale do Javari – Eduardo Anizelli/Folhapress

O grupo também citou retrocessos recentes, como a aprovação do projeto de lei do marco temporal na Câmara dos Deputados e o enfraquecimento do Ministério dos Povos Indígenas, que com a aprovação da MP da Esplanada perdeu a competência pela demarcação de terras.

Marubo defendeu que o Senado rejeite o projeto de lei do marco temporal e relembrou as sugestões apresentadas pela Univaja durante a transição de governo.

“É preciso ter a presença do Estado, Funai, Exército, Ibama e Força Nacional [no local]. As estruturas da Funai são precárias na região. A Funai está em frangalhos, com organograma desatualizado, e o Congresso esfacelou a atuação do Ministério dos Povos Indígenas. Isso vai acarretar mais retrocessos”, disse Marubo.

No ato, Alessandra Sampaio, viúva de Dom Philips, afirmou que os grupos investigados e denunciados pelo jornalista seguem em atividade na região, mesmo após investigações da Polícia Federal.

“O Brasil continua consumindo ouro da terra yanomami. Continua consumindo carne que veio do desmatamento da Amazônia. Lá, continuam trabalhando com madeira ilegal, tráfico de animais silvestres, além da questão do narcotráfico, que perdeu o controle totalmente. É uma luta injusta, porque eles estão bem armados. Foi uma falta de fiscalização intencional do último governo durante quatro anos”, disse Alessandra, em crítica às políticas do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

“Não queria estar aqui falando isso. É uma posição incômoda, porque eu perdi o amor da minha vida”, acrescentou Alessandra, que anunciou na semana passada a criação de uma ONG em homenagem a Dom Philips.

PF INDICIA MAIS DOIS SUSPEITOS

A Polícia Federal indiciou mais dois suspeitos pelos assassinatos de Bruno e Dom. A informação foi divulgada neste domingo (4) pelo Fantástico neste domingo (4). Os indiciados são Rubem Villar, o Colômbia, investigado como mandante do crime, e o pescador Jânio Freitas de Souza.

Colômbia é suspeito de liderar uma organização criminosa de pesca ilegal na região da Terra Indígena Vale do Javari, na fronteira do Brasil com Peru e Colômbia. Ele foi preso em julho de 2022 por falsidade ideológica.

Jânio faz parte dessa organização, assim como Amarildo da Costa Oliveira, o Pelado, um dos réus do caso e que também está preso. Pelado e Jefferson da Silva Lima confessaram os assassinatos. O terceiro réu preso é Oseney de Olivera (o dos Santos).

Em maio, os três réus deram depoimentos online para a Justiça Federal de Tabatinga (AM). A audiência abriu a fase processual, que vai decidir se os acusados vão a júri popular.

(*) Com informações da Folhapress

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