Autoridades e políticos criticam declarações de Romeu Zema sobre Norte e Nordeste

Da esquerda para a direita: Marina Silva, Flávio Dino e João Azevêdo (Agência Brasil/Divulgação e Governo da Paraíba)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS – As declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), a respeito dos Estados do Norte e Nordeste, proferidas em entrevista exclusiva ao Estadão, no sábado, 5, repercutiram negativamente no meio político e até mesmo nas redes sociais. Autoridades como os ministros do Meio Ambiente e Justiça, Marina Silva e Flávio Dino, respectivamente, comentaram as falas, e o Consórcio Nordeste, cujo presidente é o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), repudiou as declarações.

Marina Silva afirmou, durante o evento Diálogos Amazônicos, em Belém, no Pará, que Estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste “não têm vida” sem as unidades federativas que ocupam a Amazônia. Ela ainda acrescentou, mesmo sem ter visto a declaração do governador, a importância do Norte e Nordeste na economia do Brasil e da América do Sul.

Eu não vi a fala do governador, não sei o contexto, mas o que posso dizer é que as chuvas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste são produzidas pela Amazônia, e os povos originários da Amazônia são responsáveis pela maior parte da preservação dessa floresta. Setenta e cinco por cento do PIB da América do Sul está relacionado às chuvas produzidas pela Amazônia”, disse a ministra.

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Já Flávio Dino divulgou sua manifestação na rede social X, antigo Twitter. O ministro chamou de absurdo, sem citar nomes, que a “extrema-direita esteja fomentando divisões regionais”. “Precisamos do Brasil unido e forte. Está na Constituição, no art 19, que é proibido ‘criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si’. Traidor da Constituição é traidor da Pátria, disse Ulysses Guimarães“, afirma Dino.

Nordeste repudia

O Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste (Consórcio Nordeste) divulgou neste domingo, 6, por meio do presidente João Azevêdo Lins, uma nota criticando as declarações do governador de Minas Gerais. O documento chama de “leitura preocupante do Brasil” a visão que Zema tem da realidade do País.

O grupo ainda alegou que as falas de Zema parecem “aprofundar a lógica de um País subalterno, dividido e desigual”. No documento, os governadores lembram que a união dos Estados do Norte e Nordeste é uma forma de compensar desigualdades históricas.

É importante reafirmar que a união regional dos Estados do Nordeste e também do Norte não representa uma guerra contra os demais Estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento“, consta na nota. (Veja a nota, na íntegra, abaixo):

Apoio a Zema

Zema recebeu apoio do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), que saiu em defesa da frente anunciada pelo governador mineiro. Ao Estadão, Leite afirmou que o grupo quer agir por mais equilíbrio na Reforma Tributária e não “discriminar” nenhuma região.

Nunca achamos que os Estados do Norte e Nordeste haviam se unido contra os demais Estados. Ao contrário: a união deles em torno de pautas de seus interesses serviu de inspiração para que, finalmente, possamos fazer o mesmo, nos unirmos em torno do que é pauta comum e importante aos Estados do Sul e Sudeste”, disse o governador gaúcho à reportagem.

‘Vaquinhas que produzem pouco’

Ao Estadão, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou que os governadores do Sul e Sudeste se organizaram em um bloco para conquistar protagonismo político sobre o Norte e Nordeste, o Consórcio Sul-Sudeste (Cossud). O chefe do Executivo mineiro ainda se referiu aos Estados como “vaquinhas que produzem pouco”.

Na entrevista divulgada no sábado, 5, Zema faz analogia a um pasto, se referindo aos Estados do Norte e Nordeste como “vaquinhas que produzem pouco”, mas recebem mais incentivos do governo federal.

Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade…Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais“, defendeu.

Se não você vai cair naquela história do produtor rural que começa só a dar um tratamento bom para as vaquinhas que produzem pouco e deixa de lado as que estão produzindo muito. Daqui a pouco, as que produzem muito vão começar a reclamar o mesmo tratamento“.

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