Belém é considerada uma das capitais mais favelizadas do Brasil, aponta estudo

Descarte irregular de lixo em área urbana de Belém (Márcio Nagano/Revista Cenarium)
Raisa Araújo – Da Revista Cenarium

BELÉM (PA) – O Mapa da Desigualdade, divulgado nesta semana pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) revelou que Belém do Pará, sede da COP30 é considerada uma das capitais mais favelizadas do Brasil e, de 26 posições, se encontra na 24ª posição no desempenho geral das capitais, ficando à frente apenas de Recife e Porto Velho. 

O estudo mediu um conjunto de 40 indicadores sociais, entre eles saúde, educação, infraestrutura urbana e vários outros que dizem respeito ao cotidiano das pessoas e apontou que as capitais da região Norte e Nordeste, especialmente Belém, estão entre os piores índices do País. 

Lixão do Aurá em Belém (Márcio Nagano /Revista Cenarium)

Para o geógrafo, especialista em Meio Ambiente pela UFPA, Alexandre Bezerra, para entender a situação em que as capitais do Norte se encontram neste mapa, é preciso compreender que as idades da Amazônia, sofreram um processo de ocupação bem diferente das demais capitais brasileiras.

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De acordo com o especialista, o conceito que o mapa traz sobre a questão da favelização ou das favelas, para a região amazônica, em especial em Belém, são chamadas de periferia, que são áreas que estão nas proximidades do centro da capital, mas se construíram ao redor dos rios, o que influencia diretamente no comportamento habitacional da cidade. 

“A gente tem ali padrões de ocupação de palafitas, que ficam próximas às áreas de inundação, a igarapés e antigos córregos e também nas proximidades dos rios […] Então a gente tem ali o uso e ocupação do solo, principalmente por populações e comunidades menos favorecidas e mais sensíveis financeiramente, economicamente, que a gente diz que o solo de Belém foi ocupado nas baixadas”, explica, Alexandre. 

De acordo com o estudo, Belém tem 55,5% de domicílios em áreas de favela. Outros fatores, analisados separadamente, como esgotamento sanitário, PIB per capita e investimento público em infraestrutura também contribuem para a posição do município estar abaixo da média. 

PIORES INDICADORES DE BELÉM

  • 21º: Investimento público em infraestrutura por habitante (R$ per capita)
  • 22º: Esgoto tratado antes de chegar ao mar, rios e córregos (%)
  • 23º: Centros culturais, casas e espaços de cultura (100 mil habitantes)
  • 24º:: População atendida com esgotamento sanitário (%)
  • 25º: PIB per capita (R$ per capita)
  • 26º: Domicílios em Favelas 

Os indicadores do estudo são baseados nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, também conhecido como Agenda 2030 e visa metas como erradicação da pobreza e da fome, redução das desigualdades e busca por paz, justiça e instituições eficazes.

Conforme aponta o Instituto Trata Brasil, divulgado ainda esse mês, Belém está entre as dez capitais brasileiras com os piores índices de saneamento. Essa situação contribui para a alta incidência de doenças relacionadas à água não potável, destacando a interligação entre saúde humana e ambiental. A escassez de saneamento também amplifica as disparidades sociais e econômicas, afetando negativamente as oportunidades para populações vulneráveis. 

Para o pesquisador, todos esses aspectos só reforçam o racismo ambiental da região, limitando ainda mais as perspectivas para grupos minoritários que são a maioria nas áreas periféricas. “As periferias concentram falta de saneamento, falta de habitação, falta de infraestrutura e também a questão das desigualdades relacionadas às oportunidades”, explicou Alexandre.

Ele completou dizendo que a realidade dos problemas estruturais e sociais de Belém são um grande desafio para a COP-30, principalmente enquanto uma cidade que desempenha um papel crucial no equilíbrio climático global. 

Leia mais: Os desafios ambientais de Belém: um vislumbre da cidade-sede da COP30
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