Bolsonaro admite que trocou comando da PF por falta de interlocução

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) (Sérgio Lima/Poder360)

Com informações do Infoglobo

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu em depoimento à Polícia Federal nesta quarta-feira que pediu ao ex-ministro da Justiça Sergio Moro para trocar o então diretor da corporação, Maurício Valeixo, e dois superintendentes do órgão, mas negou que os pedidos configurem interferência politica. Segundo o presidente, o pedido foi feito por “falta de interlocução” do comando da PF com ele.

Bolsonaro também afirmou que Moro geria o ministério sem “alinhamento” com as demais pastas ou seu gabinete presidencial. O depoimento ocorreu no Palácio do Planalto e foi prestado ao delegado Leopoldo Soares Lacerda, chefe da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores (Cinq) da PF.

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Ao ser questionado sobre os motivos pelos quais pediu a Moro que trocasse o então diretor-geral da PF, Bolsonaro respondeu que fez a solicitação ” em razão da falta de interlocução que havia entre o Presidente da República e o Diretor da Polícia Federal”, e que “não havia qualquer insatisfação ou falta de confiança com o trabalho realizado “por Valeixo, “apenas uma falta de interlocução”.

Bolsonaro confirmou que sugeriu ao ex-ministro da Justiça a nomeação de Alexandre Ramagem para a direção-geral da PF, e que sugeriu o nome do chefe da Abin “em razão da sua competência e confiança construída ao longo do trabalho de segurança pessoal do declarante durante a campanha eleitoral de 2018”.

O presidente disse ainda que Moro teria concordado com a nomeação de Ramagem, desde que ocorresse após a sua indicação a uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Segundo Bolsonaro, “nunca teve como intenção, com a alteração da Direção Geral, obter informações privilegiadas de investigações sigilosas ou de interferir no trabalho de Polícia Judiciária ou obtenção diretamente de relatórios produzidos pela Polícia Federal”.

Indagado sobre o que quis dizer quando disse “eu tenho a PF que não me dá informações”, durante a reunião ministerial do dia 22 de abril de 2020, Bolsonaro afirmou que “não obtinha informações de forma ágil e eficiente dos órgãos do Poder Executivo, assim como da própria Polícia Federal”. E ainda declarou que quando disse “informações” se referia a relatórios de inteligência sobre fatos que necessitava para a tomada de decisões e “nunca informações sigilosas sobre investigações”.

O presidente negou que as motivações para a troca do comando da PF estariam ligadas ao fato de precisar “de pessoas de sua confiança, para que pudesse interagir, telefonar e obter relatórios de inteligência”, mas que se incomodava com o fato de “muitas informações relevantes para a sua gestão chegavam primeiro através da imprensa, quando deveriam chegar ao seu conhecimento por meio do Serviço de Inteligência”.

Questionado, Bolsonaro confirmou que pediu trocas nas superintendências da PF do Rio de Janeiro e de Pernambuco, mas negou que fosse para interferir em investigações. “Sugeriu a mudança porque o Estado do Rio de Janeiro é muito complicado e entendia que necessitava de um Dirigente da Polícia Federal local com maior liberdade de trabalho”, afirmou no depoimento.

Bolsonaro também foi perguntado sobre uma frase proferida por ele em reunião ministerial na qual afirmou que queria trocar a “segurança” do Rio para blindar amigos e familiares. A frase é interpretada por investigadores como uma manifestação de sua vontade em mudar o superintendente da PF do Rio. Mas, sobre o assunto, Bolsonaro manteve sua versão de defesa e disse que estava se referindo a uma mudança na equipe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no Rio.

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