Bolsonaro compartilha imagens e liga protestos contra o governo federal a vandalismo

Apesar das declarações de Bolsonaro, os protestos em todo o país ocorreram, em sua maioria, de forma pacífica, com adesão generalizada ao uso de máscaras (Edilson Dantas/Agência O Globo)

Com informações do O Globo

BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro compartilhou imagens de vandalismo e de um confronto entre manifestantes e policiais no protesto realizado nesse sábado contra seu governo. Após inicialmente minimizar o tamanho dos protestos nas últimas semanas, Bolsonaro mudou a estratégia e passou a denunciar episódios de violência nas manifestações.

Apesar das declarações de Bolsonaro, os protestos em todo o País ocorreram, em sua maioria, de forma pacífica, com adesão generalizada ao uso de máscaras. No sábado, pouco após o fim das manifestações, o presidente publicou quatro imagens de bancos e pontos de ônibus quebrados e de um policial caído no chão para associar as manifestações ao vandalismo. O presidente ainda ironizou que, nesse caso, não haverá alertas sobre ameaça à democracia ou o ato não seria citado como “antidemocrático”.

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“Nenhum genocídio será apontado. Nenhuma escalada autoritária ou “ato antidemocrático” será citado. Nenhuma ameaça à democracia será alertada. Nenhuma busca e apreensão será feita. Nenhum sigilo será quebrado. Lembrem-se: nunca foi por saúde ou democracia, sempre foi pelo poder!”, disse.

Desde a última quinta-feira, o presidente novamente se revoltou com o Supremo Tribunal Federal em razão da abertura de novo inquérito para apurar uma “organização criminosa” ligada a ataques à democracia.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), arquivou o inquérito aberto para investigar atos antidemocráticos ocorridos no primeiro semestre do ano passado e decidiu abrir uma nova investigação, esta para verificar a existência de uma “organização criminosa” digital montada “com a nítida finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito”.

Até este protesto, a estratégia do presidente era minimizar o tamanho dos protestos. No final de maio, o presidente afirmou que “não tinha ninguém na rua” e ironizou que a esquerda obedecia ao distanciamento social nas manifestações. “Eram 500 metros um do outro”, disse o presidente a apoiadores no Palácio do Alvorada.

Na manhã deste domingo, o presidente publicou outro vídeo em que um manifestante aparece atingindo um policial com uma pedra.

“Aos 36 segundos um policial militar é atingido quase mortalmente por uma pedra. Esse tipo de gente quer voltar ao Poder por um sistema eleitoral não auditável, ou seja, na fraude. Para a grande mídia, tudo normal”, afirmou.

A mudança de discurso já foi adotada nos Estados Unidos. Em 2020, durante os protestos do grupo “Black Lives Matter” (Vidas Pretas Importam), o então presidente americano Donald Trump também associou as manifestações contra a violência policial a vandalismo com o objetivo de afastar eleitores moderados dos protestos.

Durante a manifestação deste sábado, além do confronto entre alguns manifestantes e policiais, também houve um episódio em que militantes do PCO agrediram militantes do PSDB que estavam na manifestação. O grupo, entretanto, foi impedido pelo grupo de pessoas que estavam no local.

Alguns integrantes da passeata atearam fogo em objetos dentro de uma agência bancária. Outra unidade de um banco privado teve parte de sua vidraça quebrada por outra pessoa que descia a via junto com os manifestantes.

Apesar do caráter pacífico de toda a manifestação, houve confronto entre policiais militares e alguns manifestantes próximo da dispersão. 

A tropa de choque usou bombas de efeito moral para dispersar um grupo que derrubou alguns tapumes de uma obra próxima ao Cemitério da Consolação. Os manifestantes revidaram, jogando garrafas contra os policiais.  O grupo, com cerca de 10 pessoas, destruiu alguns pontos de ônibus e atearam fogo em lixeiras pela rua.

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