Brasil está atrás de outros países da América Latina em valor de salário mínimo

Carteira de trabalho com cédulas de real. (Freepik)
Pricila de Assis – Da Revista Cenarium

MANAUS – O trabalhador brasileiro continua longe de ter um salário mínimo ideal para manter as suas despesas ou fazer investimento recebendo apenas R$ 1.320, avaliam economistas consultados pela REVISTA CENARIUM. Em outros lugares da América Latina, como Costa Rica, Chile e Uruguai, os trabalhadores chegam a receber até R$ 3.107 e R$ 2.629.

Na Costa Rica, por exemplo, o salário mínimo de 352.165 colones (o equivalente atual a US$ 650 ou R$ 3.107), é o mais alto da América Latina. No Brasil, um País que possui dimensões continentais com realidades socioeconômicas incompatíveis, dificultando a aplicação de políticas econômicas sociáveis, o salário mínimo deveria ser de R$ 6.652, segundo estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese).

A economista Denise Kassama menciona que o Brasil já avançou consideravelmente na melhora do salário mínimo. “O nosso salário mínimo evoluiu desde o governo FHC, que sugeria um salário de US$ 50. Hoje, a remuneração ultrapassa US$ 264. Mesmo assim está longe de ser o ideal para a maioria da população”, disse.

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Valor impraticável

O economista Altamir Cordeiro explica que o valor proposto pelo Dieese é impraticável para o Brasil, ainda mais para a Previdência Social, onde os benefícios são atrelados ao valor do salário mínimo. “O grande problema está na indexação de todos os benefícios governamentais atrelados ao salário mínimo estabelecidos em lei, cujo peso para as contas do governo federal, estadual e municipais, pesam em seus orçamentos”, aponta.

Ainda em sua análise, apesar do salário mínimo não ser o ideal para sustentar uma família até de quatro pessoas, o Brasil tem uma situação pós-pandemia melhor que outros países da América Latina, principalmente em relação à inflação.

“Uma luz para resolver no futuro, um valor justo e adequado, pode vir após a reforma tributária que tramita no Congresso Nacional, sendo este o foco inicial, está no consumo e depois será na renda. Ainda vamos demorar um pouco para conseguir um valor justo para as famílias mais vulneráveis no país, pois dependemos de um crescimento econômico sustentável e prolongado. Para isso, precisamos de estabilidade política e econômica”, ressalta.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou um Projeto de Lei que define a nova política de valorização do salário mínimo a partir de 2024. Caso a regra seja aprovada, o salário mínimo pode chegar a R$ 1.441, representando um aumento de 9%.

Salário versus inflação

Para a diarista Maria de Fátima, ter um salário mínimo acima de R$ 2 mil não iria fazer diferença. “Podemos ganhar o salário o que for, mas mesmo assim tudo hoje está mais caro, por exemplo, comprar um frango custa, em média, R$ 50. Para viver medianamente bem, é necessário ter mais de um emprego”, conta.

Já o porteiro Francisco Souza vê com outra perspectiva se o valor fosse acima de R$ 1.320. “Tenho que fazer bicos para poder manter a minha família, mas se tivesse um salário mínimo acima de R$ 2 mil, acredito que aliviaria um pouco a minha atual situação e de tantas outras pessoas que mal conseguem sobreviver com que ganham”, observa.

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