Brasil não conseguirá domar pandemia só com vacina, diz OMS

Na quinta, pelo segundo dia na mesma semana e na pandemia, o Brasil registrou mais de 4.000 mortes em 24 horas (Albouy/ Getty Images)

Com informações Folha Press

BRASÍLIA – O Brasil não vai conseguir domar a pandemia de coronavírus se priorizar apenas a vacinação, afirmou nesta sexta, 9, a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a líder técnica para Covid-19 da entidade, Maria van Kerkhove, é preciso parar de pensar que a crise se resolve com uma ou outra medida. “A vacina é apenas um componente, e é preciso adotar ações amplas, apoiadas por líderes, apoiadas pelos governos”.

Maria Van Kerkhove afirma que, apesar do avanço nas campanhas de vacinação, “a trajetória desta pandemia está indo na direção errada […] Estamos há seis semanas com os números de casos e de mortes em alta”, disse.

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Segundo a OMS, embora seja crucial imunizar idosos e profissionais de saúde para reduzir mortes desnecessárias, continua sendo essencial identificar pessoas infectadas e isolá-las rapidamente. Além disso, é preciso evitar contatos entre as pessoas para segurar a transmissão e evitar o aparecimento de novas variantes que escapem da vacina.

O conselheiro sênior da direção-geral da OMS Bruce Hayward também afirmou que a vacinação pode proteger pessoas mais vulneráveis e reduzir hospitalizações, mas não vai afetar a dinâmica da pandemia na população. “São as medidas básicas de distanciamento físico que seguram a transmissão”, disse ele.

Isso ocorre porque, até agora, não há informação suficiente sobre a capacidade da vacina de reduzir o contágio nem sobre a duração da imunidade provocada por ela. Além disso, faltam no mundo imunizantes para acelerar a proteção das populações. De acordo com Van Kerkhove, nos países em que as medidas não estão sendo adotadas, é necessário entender por quê: “É um problema das políticas públicas? Falta apoio para que as pessoas possam ficar em casa?”.

Os diretores da OMS voltaram a descrever o quadro brasileiro como “muito grave” e afirmaram que a organização está em contato com equipes de saúde pública em todos os níveis para tentar ajudar a reduzir infecções e mortes por Covid-19 no Brasil. O País vive uma situação crítica, com recordes trágicos se acumulando. O ano atual concentra os 32 dias com mais vidas perdidas em 24 horas. Desses, 30 dias ocorreram em março ou abril.

Na quinta, pelo segundo dia na mesma semana e na pandemia, o Brasil registrou mais de 4.000 mortes em 24 horas. Foram 4.190 óbitos. O recorde de mortes, alcançado na última terça, é de 4.211. Além dos EUA, que tem uma população consideravelmente maior, é o único País no mundo com registros mais regulares a atingir essa marca.

No Estado de São Paulo, metade dos municípios registrou mais mortos do que nascidos em março deste ano, segundo os números de certidões de óbito e nascimento emitidas pelos cartórios locais. De acordo com especialistas, o impacto da pandemia do novo coronavírus foi fundamental para a ocorrência desse fenômeno.

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