Brasil sedia uma Copa América marcada pela pandemia, a ameaça de boicote e a polarização

O estádio Mané Garrincha receberá o jogo de abertura da Copa América, entre Brasil e Venezuela, neste domingo, 13, (Pedro Ladeira/Folhapress)

Com informações da Folha de S. Paulo

SÃO PAULO – Atual campeã da competição, a seleção brasileira inicia neste domingo, 13, sua caminhada na Copa América de 2021. O Brasil enfrenta a Venezuela, que sofre com um surto de Covid-19 no elenco, às 18h, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. O SBT e a ESPN Brasil transmitem o jogo.

Adiado de 2020 para este ano em razão da pandemia da Covid-19, o torneio inicialmente tinha como sedes a Colômbia e a Argentina. Os conflitos sociais em território colombiano, porém, deixaram os argentinos sozinhos na organização. Diante da situação do coronavírus no País, o governo argentino também desistiu de sediar a Copa América.

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Com apoio do governo federal, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) assumiu a competição a cerca de duas semanas de seu início. A decisão abrupta tomada pela confederação deixou jogadores, comissão técnica e dirigentes ligados à parte gerencial da seleção insatisfeitos. Os atletas externaram o descontentamento com a condução do processo, sem que eles ou os outros integrantes fossem consultados.

O maior foco de irritação do grupo era com o presidente da entidade, Rogério Caboclo. Antes das duas últimas rodadas das Eliminatórias, contra Equador e Paraguai, tanto Tite quanto Casemiro (um dos capitães nessa data Fifa) afirmaram publicamente que a equipe tinha uma posição clara com relação à Copa América, mas ela só seria mencionada após o jogo com o Paraguai.

Em meio à queda de braço entre seleção e Caboclo, o presidente foi afastado de seu cargo pelo Comitê de Ética da CBF após uma denúncia de assédio sexual e moral feita por uma secretária da confederação. O mandatário, afastado por 30 dias, agora estuda junto a advogados criminalistas a sua defesa para o caso.

A saída momentânea de Caboclo tranquilizou os atletas, que chegaram a discutir a possibilidade de boicote à Copa América. A falta de adesão de outras seleções diminuiu a força da iniciativa. Com o presidente afastado, o grupo também resolveu baixar o tom do posicionamento que havia prometido para depois da partida com o Paraguai, pelas Eliminatórias.

Em nota publicada nas redes sociais, os jogadores da seleção brasileira afirmaram ser contra a Copa América, mas também que disputariam a competição. O comunicado também procurou despolitizar a questão. Na semana que antecedeu o duelo com os paraguaios, Tite foi criticado pelo vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) e pelo senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

“Temos uma missão a cumprir com a histórica camisa verde amarela pentacampeã do mundo. Somos contra a organização da Copa América, mas nunca diremos não à Seleção Brasileira”, escreveram os jogadores em nota.

Na véspera da estreia, Tite voltou ao tema em entrevista coletiva e destacou que o grupo pediu à CBF que o país não recebesse o torneio antes mesmo dessa definição. “Antes de levar ao presidente da República, ao país, colocamos essa situação que não gostaríamos, pelo respeito, por tudo o que estava envolvendo, por um lado sentimental. Ficamos à mercê, pediram tempo para nós, aí a situação ficou definida e ficamos expostos. Esse é o real, o que acompanhei em relação a essa situação toda.”

“Quando um campeonato é feito de forma atabalhoada, rápida, excessivamente como a Conmebol fez, ela está sujeita a isso”, completou. Apesar da insatisfação com a organização realizada às pressas, há um ponto positivo para Tite na disputa do torneio sul-americano a um ano e meio do Mundial do Qatar, em 2022.

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