Câmara Federal convoca ministro da educação Victor Godoy para falar sobre corrupção no MEC

Victor Godoy deve falar sobre denúncias de corrupção para liberação de recursos públicos que resultou em operação da PF (Antonio Molina/FolhaPress)
Com informações da FolhaPress

BRASÍLIA – Comissão da Câmara dos Deputados convocou nesta quarta-feira, 29, o ministro da Educação, Victor Godoy, para falar sobre tráfico de influência e corrupção na liberação de recursos públicos investigados na operação “Acesso Pago” da Polícia Federal.

O requerimento, de autoria do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), foi aprovado em votação simbólica. Ainda não há data fixada para o comparecimento, mas a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle tem 30 dias para marcar. Como é convocação, o ministro é obrigado a comparecer.

Godoy participa de uma audiência na próxima terça-feira, 5, na Comissão de Educação ao lado do ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário.

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O convite foi feito para que Godoy pudesse falar sobre a situação das instituições federais de ensino, em especial, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e sobre as denúncias de superfaturamento no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A operação da PF prendeu e fez buscas e apreensão em endereços do ex-ministro Milton Ribeiro e pastores citados em irregularidades na liberação de verbas do MEC.

Ivan Valente justificou no pedido de convocação que, após a saída de Ribeiro, o cargo foi assumido por Godoy, que atuava como secretário-executivo da pasta, no MEC, desde julho de 2020. Godoy é a pessoa de confiança de Milton Ribeiro e, “apesar de negar ter conhecimento dos assuntos que eram tratados entre o ex-ministro e os pastores, já esteve com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura em eventos do MEC”, disse o deputado na justificativa.

Com base em documentos, depoimentos e um relatório da CGU foram mapeados indícios de crimes na liberação de verbas do FNDE.

Áudio revelador

A revelação do caso teve início em março. Em áudio revelado pela Folha, o ex-ministro Milton Ribeiro disse que priorizava pedidos dos amigos de um dos pastores a pedido de Bolsonaro.

No mandado de prisão de Ribeiro, o juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal em Brasília, listou os crimes investigados e que podem ter sido cometidos pelo ex-ministro. São eles: corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.

Ribeiro foi preso dia 22 e solto no dia seguinte, por decisão do juiz federal Ney Bello do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região).

Interceptação telefônica feita pela Polícia Federal sugere que Ribeiro passou a suspeitar que seria alvo de busca e apreensão após uma conversa com o presidente Jair Bolsonaro. Em conversa em 9 de junho com sua filha, ele diz que falou com Bolsonaro naquele dia e que ele teria dito estar com “pressentimento” de que iriam atingi-lo por meio da investigação contra o ex-ministro.

Bruno Calandrini, delegado da Polícia Federal responsável pelo pedido de prisão, disse, em mensagens enviadas a colegas, que a investigação foi “prejudicada” em razão de tratamento diferenciado dado pela polícia ao ex-ministro do Governo Jair Bolsonaro.

No texto encaminhado a outras pessoas que participaram da operação deflagrada dia 22, o delegado agradece o empenho, mas diz não ter “autonomia investigativa para conduzir o inquérito deste caso com independência e segurança institucional”.

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