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Caso Água Branca: Justiça vai ouvir réus e testemunhas de chacina no AM
Abordagem de policiais da Rocam foi registrada em vídeo (Reprodução/Internet)
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20 de junho de 2023
Adrisa De Góes – Da Revista Cenarium
MANAUS (AM) – A Justiça do Amazonas vai ouvir, a partir da próxima terça-feira, 27, testemunhas e réus da chacina do ramal Água Branca, localizado no quilômetro 32 da rodovia AM-010, em Manaus, em audiência de instrução. Ao todo, 16 policiais militares das Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) são acusados do possível envolvimento nas mortes de dois homens e duas mulheres, em 21 de dezembro de 2022.
As oitivas terão duração de quatro dias e vão acontecer no Fórum Ministro Henoch Reis, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus. Os suspeitos dos assassinatos estão presos no Batalhão da Rocam, no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste, desde dezembro. Destes, quatro tiveram a prisão decretada em fevereiro.
Em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) aceitou a denúncia do Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e os acusados se tornaram réus. Segundo o MP-AM, os servidores públicos podem responder pelo crime de homicídio qualificado, praticado com impossibilidade de defesa das vítimas. Além disso, foi considerada a repercussão do caso, a violência praticada e a dinâmica dos fatos.
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“Deve-se considerar o impacto social com a repercussão geral pelos meios midiáticos, haja vista se tratar de crime supostamente cometido por agentes públicos, que a rigor tem o dever de servir e proteger, sendo de rigor manter-se a ordem de prisão cautelar, ainda mais quando se considera não ter havido alterações fáticas e infirmar as considerações do pedido”, disse, à época, o juiz de Direito Fábio Alfaia, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Manaus.
O crime
Os 16 policiais da Rocam são acusados pelo MP-AM das mortes dos irmãos Diego Máximo Gemaque, 33, e Lilian Daiane Máximo Gemaque, 31, além do casal Alexandre do Nascimento Melo, 29, e Valéria Pacheco da Silva, 22. As vítimas foram assassinadas a tiros, encontradas dentro de um carro modelo Ônix, com as mãos amarradas e com os rostos cobertos por balaclava – peça feita de malha que cobre a cabeça até o pescoço, com abertura apenas para os olhos.
Momentos antes, a abordagem da Rocam às vítimas ainda em vida foi filmada e divulgada, após a repercussão do crime, nas redes sociais. Nas imagens registradas na rua Portland, bairro Nova Cidade, Zona Norte de Manaus, os policiais aparecem revistando as vítimas e vasculhando o veículo em que elas estavam.
Em outro momento, no trajeto para a rodovia AM-010, câmeras de segurança da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), espalhadas pela cidade, registraram duas viaturas escoltando o veículo que, posteriormente, foi encontrado com os mortos.
Evidências
De acordo com o promotor de Justiça Armando Gurgel, provas, testemunhas e materiais evidenciam o envolvimento do grupo no crime. Ele afirma, ainda, que armas longas e espingardas dos policiais foram recolhidas para passarem por perícia.
As viaturas usadas, segundo Gurgel, foram lavadas na troca de plantão e, por isso, não foi possível periciá-las. Com isso, qualquer resquício de prova foi apagado. Entretanto, o promotor ressaltou que as balaclavas foram fortes indícios da participação dos militares no crime.
“Obviamente, as vítimas não se vestiram de balaclavas porque preferiram morrer daquela forma, mas alguém colocou as balaclavas nelas. E, provavelmente, esqueceram de tirar, porque poderiam ter usado, matado e depois teria dado para tirar, mas ficaram”, destacou o promotor.
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