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Caso dos respiradores no AM: Jornal Nacional aponta que vice-governador conversava com empresários em escritório particular
Reportagem do Jornal Nacional expõe imagens de Carlos Almeida em um escritório particular (Reprodução/Jornal Nacional)
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20 de outubro de 2020
Paula Litaiff – Da Revista Cenarium
O desdobramento da segunda fase da Operação Sangria – investigação da Polícia Federal (PF) que apura o desvio de recursos públicos na compra de respiradores no Amazonas – rendeu uma reportagem de cinco minutos no Jornal Nacional (JN) da Rede Globo nesta segunda-feira, 19, com o vazamento de imagens e conversas no aplicativo WhatsApp entre ex-secretários de Estado.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), representado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), em abril deste ano, a Distribuidora Sonoar adquiriu 28 respiradores a R$ 1.092.000,00, em preço de à vista, e os revendeu a uma empresa fornecedora da Secretaria de Saúde do Amazonas, a Fjap Import & Cia, por R$ 2.976.000,00, com um sobrepreço de 172%.
A reportagem do JN informou que a Polícia Federal suspeita da participação do vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida (sem partido), no processo de intermediação dos equipamentos. Almeida foi secretário de Saúde do Amazonas no período de janeiro a março de 2019.
Trecho da reportagem – Jornal Nacional
“Foi possível constatar a ingerência da alta cúpula do governo sobre o ex-secretário de Saúde que canalizava as demandas, visando a manipulação do processo de aquisição dos ventiladores pulmonares”, declarou um integrante da investigação.
Segundo o Jornal Nacional, a PF busca descobrir porque o vice-governador fazia reuniões com integrantes do governo, parlamentares e empresários em um escritório de advocacia que fica no Edifício Fórum Business Center, na zona Centro-Sul de Manaus, e não no gabinete dele na sede do Governo do Amazonas, na zona Oeste da capital.
Os agentes da Polícia Federal suspeitam, de acordo com a matéria do JN, que os encontros de Carlos Almeida serviam para o “pagamento de acerto de propina”. A reportagem mostrou ainda imagens obtidas pela investigação gravadas em maio deste ano.
No vídeo, Carlos Almeida aparece chegando ao Edifício Fórum Business, com assessores. Em seguida, a matéria do Jornal Nacional mostra que o vice-governador é filmado saindo com uma bolsa, mas não dá detalhes.
Escritório foi vistoriado
No local citado pelo Jornal Nacional em que Carlos Almeida aparece se reunindo com pessoas não identificadas funciona a sede do escritório do advogado de Carlos Almeida, cujo nome não foi informado pela Polícia Federal.
A REVISTA CENARIUM recebeu imagens da sala localizada no Edifício Fórum Business Center no dia em que o lugar passou pelo processo de busca e apreensão de documentos na última fase da Operação Sangria, no dia 8 de outubro deste ano.
Um dia após a PF cumprir mandados no gabinete, casa e escritório ligados ao vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida enviou nota à imprensa. No dia 9 de outubro, ele afirmou que nunca “praticou qualquer conduta ilícita” e classificou de “constrangedora” a ação dos agentes federais.
‘Empresário específico’
Além da Carlos Almeida, o nome do governador Wilson Lima também foi citado na reportagem do Jornal Nacional. Nesse caso, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Rodrigo Tobias, teve um áudio exposto.
O áudio de Tobias, segundo a PF, foi enviado ao secretário-executivo de Saúde da época, Perseverando Garcia, no qual ele diz que o governador conheceria um empresário que financiaria os respiradores para o governo.
Trecho da reportagem – Jornal Nacional
“Eu estou recebendo muitas demandas e uma delas que eu preciso canalizar é do governador. Parece que ele tem um canal de um empresário aqui no Amazonas, o cara é grande, o cara tem ‘bala na agulha’ e o cara se prontificou a fazer as compras pelo governo do Estado”, explica o ex-secretário.
No mesmo áudio, Tobias fala a Perseverando que o “rito normal” do processo de aquisição dos respiradores deveria ser seguido. “… a gente segue com o rito normal dos nossos processos e procedimentos pra comprar dele, tá?”, concluiu.
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