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China: seca no País bate recorde e pode ter riscos à economia global
Vista aérea do rio Yangtze, em Chongqing - (Thomas Peter/Reuters)
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26 de agosto de 2022
Com informações da Folhapress
CHINA – A semana na China foi marcada pela pior onda de calor a atingir o país no mês de agosto em 60 anos. A temperatura média em várias províncias ficou em torno dos 40°C, o que gerou seca, queda de energia, incêndios florestais e internações causadas pelo calor sufocante.
O calorão é inédito não só pela temperatura, mas também pela duração: já são 75 dias de temperaturas altas, quebrando o recorde anterior de 2013 (que registrou 62 dias).
O sol trouxe também seca e níveis dos rios abaixo do necessário para funcionamento normal da matriz energética nacional. Em Sichuan, província no sudoeste chinês, o baixo nível de água no Yangtze —terceiro maior rio do mundo e o maior na Ásia— fez com que Toyota, Volkswagen e Foxconn suspendessem o funcionamento de fábricas, causando uma série de atrasos nas cadeias de suprimentos globais.
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Autoridades em Chengdu, capital da província, emitiram ordens de racionamento de energia, que orientavam os moradores a reduzir o consumo e obrigavam o desligamento de outdoors luminosos e elevadores. Mesmo assim, vários apagões foram registrados ao longo da semana;
De acordo com o SupChina, em Dazhou (também em Sichuan), os 5,4 milhões de habitantes foram orientados contra o uso de ventiladores ou ar-condicionado, já que apagões têm sido frequentes na região;
Em Chongqing, maior cidade da China, o nível do Yangtze caiu tanto que estátuas budistas das dinastias Ming e Qing com mais de 600 anos foram descobertas. Elas estavam esculpidas em uma ilha submersa e especialistas acreditam que foram construídas entre 1368 e 1644.
O Centro Meteorológico Nacional divulgou um alerta de que, se as temperaturas não caírem nos próximos dias, a onda de calor pode colocar em risco a colheita de outubro e trazer problemas para a segurança alimentar do país. O Ministério da Agricultura, então, orientou os agricultores a iniciarem imediatamente a colheita e o armazenamento de arroz, garantindo algum estoque para as próximas semanas.
Por que importa: O rio Yangtze passa por 19 províncias e é responsável por 45% da produção econômica da China, além de ser essencial para o abastecimento hídrico de quase metade do país. A seca pode provocar abalos fortes na indústria chinesa e elevar o custo dos alimentos, já que, com as quedas na produção, o país certamente precisará importar comida —encarecendo commodities no mundo todo.
O QUE TAMBÉM IMPORTA
Depois de quase dois anos e meio, a China finalmente vai autorizar que estudantes internacionais retornem ao país. Embaixadas chinesas em vários países anunciaram a retomada da emissão de vistos X1 (estudos de longo prazo).
Os interessados vão precisar enviar documentos rotineiros, como o formulário de solicitação, carta de admissão (ou certificado de retorno) emitida pela instituição chinesa, além dos já costumeiros exames de Covid-19 antes do embarque. Quem ainda tem uma autorização de residência válida não precisará passar por um novo procedimento.
A Folha entrou em contato com a Embaixada da China no Brasil, que confirmou o retorno da emissão de vistos também para nacionais brasileiros. Estudantes, porém, estão submetidos às mesmas regras para qualquer um que entre no país, incluindo quarentena obrigatória, limitações de conexão e testagens rotineiras nos primeiros dias após a chegada.
A mídia chinesa foi a única em um grupo de oito países cujo noticiário sobre a economia brasileira foi majoritariamente favorável no segundo trimestre deste ano. O levantamento é do hub Radar +55 e também mediu como a imprensa internacional vem fazendo a cobertura sobre o Brasil na Alemanha, na Argentina, no Chile, nos Estados Unidos, na França, na Inglaterra e no México.
O estudo analisou 310 notícias publicadas sobre o Brasil nos principais órgãos de imprensa nos países mencionados. Na China, 61% delas foram favoráveis, enquanto na Alemanha 100% delas foram negativas.
De acordo com o hub, a concretização de acordos e a realização da cúpula do Brics —grupo que, além de Brasil e China, também inclui Índia, Rússia e África do Sul— podem ajudar a justificar o noticiário positivo no país asiático.
FIQUE DE OLHO
A editora vinculada às Forças Armadas da China acaba de publicar mais um livro com o “pensamento de Xi Jinping sobre o fortalecimento militar”. Em formato de cartilha com 63 perguntas e respostas divididas em 13 tópicos, a obra quer oferecer “uma visão panorâmica e sistêmica” do que espera o líder chinês. Os chefes das forças receberam ordens de estudar o livro com seus subordinados, usando a obra para treinar oficiais e soldados de base.
Por que importa: Como lembrou a newsletter americana Sinocism, este é o décimo livro ligado a Xi e publicado para orientação de militares desde junho, uma frequência incomum até para a propaganda chinesa.
Entre os motivos para bater tanto na tecla sobre os planos do líder chinês, podem estar o tensionamento da crise taiwanesa ou, mais provavelmente, a garantia de lealdade ideológica das forças às margens do congresso que devem dar a Xi um terceiro mandato em novembro.
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