Como forma de alertar a sociedade sobre os reflexos da crise climática no contexto habitacional da Amazônia e os riscos de novas tragédias, a última edição da REVISTA CENARIUM aponta urgências nas execuções das políticas públicas previstas nas diretrizes dos Planos Nacionais de Habitação (2009) e de Adaptação Climática (2016).
Estudos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) têm apontado que o Rio Negro, localizado na maior capital da região amazônica, Manaus, vem registrando aumento nos níveis históricos como, em 2021, que atingiu 30 metros, uma marca que ultrapassou o nível de 1902. Entre as causas das chuvas acima da média estava o fenômeno “La Niña” em parte da Amazônia Ocidental.
À medida que se registra o aumento recorde no índice pluviométrico em Manaus, avançam as ocupações irregulares em áreas de risco. Pesquisa realizada pela Organização Não Governamental (ONG) MapBiomas apontou que Manaus é a cidade brasileira com a maior expansão de terras urbanizadas em assentamentos precários entre 1985 e 2021.
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De acordo com o estudo do MapBiomas, no Amazonas, 50 dos seus 62 municípios possuem moradias em situação de risco. Somadas, as áreas totalizaram 1.841 hectares em 2021. Desse número, 770 hectares estão concentrados em Manaus, o que representa 42%, aproximadamente.
Especialistas ouvidos, nesta edição da REVISTA CENARUM, avaliaram que o envolvimento com questões urgentes do cotidiano, em segmentos como saúde e educação, dificulta o planejamento de agendas de adaptação de longo prazo.
A grande preocupação é qual prazo temos até o acontecimento de uma nova tragédia, como a que ocorreu, em Manaus, no mês de março, com a morte de oito pessoas em um deslizamento de terras? Qual a possibilidade de ocorrerem tragédias em maiores proporções da registrada na capital amazonense?
O Acordo de Paris, para conter a crise climática, do qual o Brasil é signatário, é, sobretudo, um compromisso dos agentes públicos com a população mais carente, em sua maioria formada por pessoas que não possuem acesso à informação sobre os recursos bilionários que são destinados à contenção dos desastres naturais e à dignidade humana.
(*)Graduada em Jornalismo, Paula Litaiff é diretora executiva da Revista Cenarium e Agência Amazônia, além de compor a bancada do programa de Rádio/TV “Boa Noite, Amazônia!”. Há 17 anos, atua no Jornalismo de Dados, em Reportagens Investigativas e debate de temas sociais. Escreveu para veículos de comunicação nacional, como Jornal Estado de S. Paulo e Jornal O Globo com pautas sobre Amazônia. Seu trabalho jornalístico contribuiu na produção do documentário Killer Ratings da Netflix.
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