Coletivos negros fazem ato contra ex-atleta que agrediu entregadores

Organizadores reafirmaram 'legado de resistência, luta, produção de saberes e de vida' (Pedro Ivo/Agência O Dia)
Da Revista Cenarium*

RIO DE JANEIRO – Coletivos negros e movimentos sociais do Rio de Janeiro realizaram na quinta-feira, 20, um ato de resistência contra o racismo no País. Mais de 80 organizações cobraram a prisão da ex-jogadora de vôlei de praia, Sandra Mathias Correia de Sá, 53 anos, que agrediu os entregadores de aplicativo, Max Ângelo e Viviane Maria, no bairro de São Conrado, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde os dois trabalhavam.

Em manifesto, organizadores reafirmaram “legado de resistência, luta, produção de saberes e de vida”. 

“Historicamente, seguimos enfrentando o racismo, que estrutura a sociedade e produz desigualdades que atingem, principalmente, nossas existências. Durante os quase quatrocentos anos de escravização e, desde o início da República, somos alvo de violações de direitos, do racismo, da discriminação racial, da violência e do genocídio”.

PUBLICIDADE
Leia também: Pesquisadora aponta que política de drogas causa extermínio de jovens negros

Em outro trecho, o documento ressalta que a história exige da população negra brasileira e de toda a diáspora africana ações articuladas para o enfrentamento ao racismo, genocídio, às desigualdades, injustiças e violências derivadas desta realidade.

“Esta unidade de luta negra se reúne em defesa da vida, do bem viver e de direitos arduamente conquistados na resistência e luta do povo negro pobre e da classe trabalhadora, irrenunciáveis e inegociáveis. Seguiremos honrando nossas e nossos ancestrais, unificando, em luta, toda a população afro e demais membros da classe trabalhadora por um futuro livre de racismo”.

Agressões

No dia 9 de abril, Sandra agrediu, violentamente, os entregadores em São Conrado, perto de onde ela mora. As imagens gravadas mostram a ex-atleta desferindo socos em Max e puxões fortes na camisa dele. Na cena mais forte, a mulher deu chicotadas no trabalhador usando a guia do cachorro dela. Em seguida, ele se esquiva e tenta se afastar. Depois, Sandra retornou e deu tapas e socos na entregadora Viviane Maria Souza.

A ex-atleta se apresenta nas redes sociais como nutricionista e dona de uma escola de vôlei de praia no Leblon. No depoimento à polícia, na última segunda-feira, 17, Sandra disse ter sofrido preconceito de gênero e negou racismo. Max negou a versão da mulher.

O caso foi registrado como lesão corporal e injúria simples. Segundo a delegada responsável pelo inquérito, ainda não há elementos suficientes para que o caso seja caracterizado como injúria racial. A polícia investiga se também houve o crime de injúria racial, que tem tratamento jurídico do racismo e pena de dois a cinco anos. A delegada ainda ouvirá outros três depoimentos.

(*) Com informações da Agência Brasil
Leia também: Homem negro é inocentado depois de 34 anos na cadeia
PUBLICIDADE

O que você achou deste conteúdo?

Compartilhe:

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.