Com falta de matéria-prima causada pela seca, empresas da ZFM dão férias coletivas

Montagem de eletrônicos na Zona Franca de Manaus. (Marcio Melo/Folhapress)
Marcela Leiros – Da Revista Cenarium Amazônia

MANAUS – A seca severa no Amazonas tem dificultado o transporte de mercadorias pelos rios da Amazônia, tanto no escoamento para outras regiões quanto na chegada de matéria-prima na Zona Franca de Manaus (ZFM). Devido à falta de insumos no Polo Industrial de Manaus (PIM), 35 empresas devem dar férias coletivas a pelo menos 17 mil trabalhadores.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), Valdemir Santana, afirmou que a entidade sindical aguarda a oficialização do acordo. Segundo ele, o período de férias de “gigantes” principalmente do setor de eletroeletrônicos como a Samsung, Yamaha e Philco, entre outras, deve ser entre cinco a dez dias.

Não vão entrar de férias totalmente, mas é pelos produtos que não chegaram, e que estavam previstos para chegar“, afirmou, lembrando que as empresas da Zona Franca de Manaus pedirão as férias apenas para aguardar a chegada dos produtos que já foram adquiridos. “Eles iam ficar de férias depois do dia 10 de dezembro, mas vão adiantar“.

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Valdemir Santana ainda explicou que as férias coletivas causam um “efeito dominó”, já que se as empresas que compram produtos precisam paralisar as atividades, as fornecedoras também sentem os impactos e precisam interromper a produção.

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, afirmou, sem citar nomes, que outras dez empresas estão avaliando a antecipação das férias, pois já sentem os impactos da falta de insumos.

“Estão reunidas com o sindicato obreiro e o sindicato patronal eletroeletrônico, metal/metalúrgico, no sentido de ver como poderá antecipar as férias, que era para novembro, para agora, e as outras tentam fazer uma negociação, jogando no banco de horas”, explicou. “É um cenário preocupante, sim“.

Seca severa

A seca severa no Amazonas levou o nível do Rio Negro — o sétimo maior rio do mundo em volume de água — ao menor nível da história, de 13,49 metros, atingido nesta terça-feira, 17. O rio já havia atingido a menor cota em 121 nessa segunda-feira, 16, de 13,59 metros, segundo o Porto de Manaus.

Anteriormente a essas cotas, o Rio Negro havia atingido o menor nível em 2010, ao registrar 13,63 metros. Desde domingo, o rio já diminuiu 20 centímetros, sendo menos 10 centímetros na segunda-feira e menos 10 centímetros nesta terça. A tendência é que demore mais 30 dias para sair da cota considerada crítica, de acordo com a Defesa Civil do Amazonas.

Até as 14h desta segunda, dos 62 municípios, 50 municípios estavam em situação de emergência, dez cidades em alerta, nenhum em atenção e dois em normalidade. Segundo o boletim do Governo do Amazonas, o Estado tem 557 mil pessoas afetadas até o momento pela seca severa, ou 138 mil famílias.

No dia 29 de setembro, o governador Wilson Lima também decretou situação de emergência em 55 municípios do Amazonas afetados pela seca severa que atinge o Estado.

Edição: Eduardo Figueiredo

Revisão: Gustavo Gilona

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