Com mais de 6 mil vítimas, Rondônia tem a 2ª maior taxa de mortalidade por Covid-19 no País

Este número deve ser alcançado neste fim de semana, antes do previsto pelo cientista (Michael Dantas/Reprodução)

Iury lima – Da Revista Cenarium

VILHENA (RO) – O Estado de Rondônia tem a segunda maior taxa de mortalidade por Covid-19 entre todos os Estados brasileiros. O ranking foi apontado em um relatório, por meio da análise de dados do Ministério da Saúde (MS) feita pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) de RO em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). O índice de mortalidade é 53% mais elevado que a média nacional e até agora são 6.251 rondonienses que já se tornaram vítimas da epidemia mais severa dos últimos tempos.

O relatório que comparou indicadores epidemiológicos da Covid-19 no terceiro maior Estado da região Norte e os problemas relacionados ao baixo índice de vacinação em todos os seus 52 municípios, levou em consideração os dados obtidos até abril deste ano, revelando que só entre fevereiro e março, Rondônia registrou 1.900 mortes por complicações da doença, ultrapassando o total de vítimas do primeiro ano de pandemia: 1.817 até 31 de dezembro, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau-RO).

A média de óbitos calculada para o Estado, de 286 a cada 100 mil habitantes, fica 53% acima da média brasileira, que é de 187 mortes causadas por Covid-19 a cada 100 mil, e só perde para a do Amazonas, topo da lista, com 302 vítimas a cada 100 mil pessoas. Mesmo assim, os números oscilam dia após dias. Nas últimas 24 horas, Rondônia teve 5 óbitos confirmados – no dia anterior, foram quase 20 – e 225 novos registros de infecção, mas chegou a diagnosticar 739 casos ativos do vírus na última quarta-feira, 25.

Risco de contágio obriga famílias a realizar sepultamentos às pressas. (Esio Mendes/Reprodução)

Em análise fria, registros diários de 15, 20, 40 mortes por causa da doença podem não parecer grande coisa em meio a uma população de quase 2 milhões de habitantes, mas é o suficiente para causar um estrago em dezenas de famílias, que passam a conviver com a dor da perda, com o medo de pegar a doença, de não ter vacina o suficiente ou ainda de que ela não chegue a tempo.

Tempo é outra questão delicada: o funeral às pressas. Por conta do risco de contágio, em Rondônia, cerimônias não permitem a presença de mais de 5 pessoas, o enterro é feito às pressas e em localidades improvisadas ou alugadas de última hora pelo governo do Estado e prefeituras, além de que as famílias têm, no máximo, 15 minutos para prestar as últimas homenagens, chorar lembranças e anseios futuros perdidos. Este é um problema que transcende ao território do Estado e permeia os momentos de sofrimento de mais 456 mil famílias por todo o Brasil; 2.130 só nas últimas horas. 

Aumento de funerais

De acordo com documento do TCE-RO e da CGU, o mês de março, em Rondônia, acumulou 1.293 mortes, aumento de 113,37% em relação aos óbitos do mês anterior. Já o governo estadual considerou mesmo como o pico da pandemia o mês de abril, quando só no Cemitério Santo Antônio, na capital Porto Velho, foram 242 enterros. Somando os três primeiros meses de 2021, a mesma unidade, destinada como área exclusiva para mortos pela pandemia, foi responsável pelo sepultamento de 426 vítimas. 

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O cemitério Santo Antônio, fundado em 1975 em Porto Velho, foi destinado como área exclusiva para sepultamento de vítimas da Covid-19, em março de 2020, e acumula túmulos improvisados. (Esio Mendes/Reprodução)

Antes de conseguir mais espaço no Cemitério Santo Antônio, fundado há 46 anos, a capital de Rondônia já havia registrado aumento de 78% nos sepultamentos de vítimas da Covid-19 entre janeiro e fevereiro, e por isso a prefeitura precisou abrir uma licitação de forma emergencial para conseguir comprar novos túmulos em cemitérios particulares.

Cidades

O documento elaborado pelo Tribunal de Contas e pela Controladoria-Geral também aponta que Porto Velho, Guajará-Mirim e Pimenteiras do Oeste são as cidades com a maior incidência de mortes por Covid-19, no Estado. A capital de Rondônia, com o total de 2.349 vítimas até esta sexta-feira, 27, é a segunda do País com a maior média: 59,7% ou 411 mortos a cada 100 mil habitantes (aumento de 165%), perdendo para Cuiabá, com média de 63,5%, a maior do Brasil. Já entre os municípios do interior, Guajará-Mirim teve aumento de 136% no número de vítimas e, em Pimenteiras do Oeste, o crescimento foi de 600%.

Entre os 10 municípios com as maiores médias na Região Norte, 5 são de Rondônia: Pimenteiras do Oeste (RO), Guajará-Mirim (RO), Porto Velho (RO), Faro (PA), Manaus (AM), Itapiranga (AM), Silvanópolis (TO), Ariquemes (RO), Vale do Paraíso (RO) e Miranorte (TO).

Sem resposta

Procurado pela Revista Cenarium, o Governo de Rondônia não se posicionou sobre o relatório e nem sobre quais medidas devem ser adotadas a partir da divulgação dos indicadores.

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