Com recursos da Lei Rouanet, Luciano Hang investiu R$ 800 mil em musical sobre sertanejo

Dono das lojas Havan, o empresário bolsonarista Luciano Hang usou a Lei Rouanet para financiar duas temporadas do musical "Bem Sertanejo" (Sérgio Lima/Poder360 - 20.abr.2020)
Com informações do Metrópoles

SÃO PAULO – As lojas Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang, usaram a Lei Rouanet para investir R$ 800 mil em duas temporadas do musical “Bem Sertanejo”, que conta a história do gênero no País. As informações são do colunista Guilherme Amado, do site Metrópoles.

A primeira temporada do espetáculo ocorreu em 2016 e contou com R$ 300 mil de investimento da Havan, feito por meio da Lei Rouanet. Hang voltou a usar o mecanismo para financiar a terceira temporada do musical, com depósito de R$ 500 mil, em 2018.

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A Havan investiu mais de R$ 24 milhões em projetos culturais cadastrados na Lei Rouanet. As empresas que usam o mecanismo de financiamento podem abater parte do valor investido do imposto de renda.

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Bolsonaro voltou a criticar a Lei Rouanet nesta semana, ao defender cantores sertanejos que tiveram expostos cachês milionários pagos por prefeituras de todo o País. A polêmica surgiu após a dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano atacar o mecanismo de financiamento cultural durante um show em Bonito (MS), no dia 12 de maio.

Estrelado por Michel Teló, o musical “Bem Sertanejo” teve quatro temporadas e foi sucesso de público. O espetáculo voltará ao teatro neste ano, com apresentações em São Paulo em todos os fins de semana de agosto e setembro.

O musical foi inspirado na série de mesmo nome que Teló apresentou no programa Fantástico, da TV Globo. Entre os artistas convidados para a série estavam a dupla Zé Neto e Cristiano e o cantor Gusttavo Lima.

Ao todo, as quatro temporadas do musical captaram mais de R$ 28 milhões. Outras grandes empresas financiaram o espetáculo, como Bradesco, Raízen, Bridgestone e PagSeguro.

Em contato com a coluna, Luciano Hang disse que assistiu ao musical e que centenas de pessoas trabalhavam nos bastidores — o que acontece com qualquer espetáculo ou grande show financiado com a Rouanet.

“Não era para o Michel Teló, e sim para os cantores, dançarinos e artistas. A cultura é isso, é preciso fomentar o desenvolvimento. O musical contava a história de toda a música sertaneja”, disse.

“Gostaria de deixar bem claro que nem o presidente Bolsonaro nem eu somos contra dispositivos criados para ajudar empresas e a classe artística”, afirmou Hang. “Ajudar um artista não é pecado. Emprestar dinheiro do BNDES não é pecado. O problema é dar dinheiro sempre para os mesmos.”

Luciano Hang declarou que, durante os governos petistas, a Lei Rouanet e o BNDES serviam para “ajudar os amigos do rei”, e citou números apresentados pelo ex-secretário de Cultura Mario Frias em entrevista à rádio Jovem Pan. Na ocasião, Frias disse que 80% da verba da Rouanet foi aprovada para 10% das empresas que usavam o mecanismo.

“Não foram os sertanejos que ganharam mais dinheiro na época do PT. Eles são procurados pelas prefeituras para fazer shows. Enquanto isso, na música popular brasileira, esses artistas que criticam o governo procuram o governo para ganhar verba. É diferente. O Gusttavo Lima nunca ganhou dinheiro da Lei Rouanet porque não precisa, mas os caras que estão fora de moda precisam buscar o dinheiro do governo, porque eles não têm como se sustentar se não têm plateia”, afirmou Hang, reproduzindo discurso disseminado por Bolsonaro e outros integrantes do governo.

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