Confusão entre deputados do PL quase termina em agressão no Pará

Os deputados Coronel Neil (à esquerda) e Rogério Barra, ao lado do pai, deputado federal Eder Mauro (Foto: Divulgação)
Madson Sousa – Da Revista Cenarium Amazônia

BELÉM (PA) – Durante sessão extraordinária na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), nessa quarta-feira, 29, os deputados do Partido Liberal (PL) Rogério Barra e Coronel Niel trocaram acusações e quase partiram para agressão física no plenário. O embate ocorreu durante a votação sobre vetos do Governo do Pará e o pedido de empréstimo de R$5,3 bilhões para obras e investimentos em infraestrutura, mobilidade, segurança pública, saúde, ciência e tecnologia.

O deputado Coronel Niel chegou a afirmar que foi agredido pelo colega dentro do plenário da Alepa. Um vídeo mostra o momento em que Barra passa pelo colega e joga um beijo, em tom de provocação. Niel revida e ameaça empurrar o parlamentar.

“Ele passou aqui e me bateu, encostou em mim, então eu quero que seja registrado nos autos, e também vou encaminhar, por escrito. E outra coisa ele disse que o pai dele me indicou para o Incra [Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária], mas até onde eu sei, o presidente era o Bolsonaro, então não vou me trocar porque tenho educação”, disse o deputado Coronel Niel.

Vídeo gravado no plenário mostra momento em que deputados quase partem para agressão (Foto: Reprodução)

O voto do deputado Coronel Niel, favorável à proposta de empréstimo, iniciou as provocações e bate-boca no plenário. “Ainda tem gente do PL que se elegeu com as bandeiras do Bolsonaro e vem aqui justificar, entregar R$14 bilhões para o [governador Helder] Barbalho, porque já aprovou todas as outras pactuações de crédito e agora soma mais essa de R$5 bilhões”, acusou Rogério Barra.

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O deputado estadual, filho do deputado federal Eder Mauro (PL-PA), usou a tribuna para levantar suspeitas de enriquecimento ilícito do colega. “Foi o meu pai que te indicou para o Incra, porque você estava chutando lata depois de não ter sido eleito, agora não sei o que você fez lá, porque conseguiu quitar seu apartamento, aumentar seu patrimônio e muita coisa foi adquirida nesse período”, acusou.

Para se defender, o deputado Coronel Niel justificou que é favorável ao empréstimo porque, segundo ele, seria interessante para bairros periféricos de Belém, capital do Pará, e disse que Rogério Barra é “um menino” que não tem projeto. “Tem gente que nem era nascido ou usava fralda quando o canal São Joaquim [considerado o maior canal urbano de Belém] foi feito. O [bairro] Água Cristal vai ser beneficiado também e acho que ele nem deve saber o que é, então vai lá visitar, tira o pé do teu carro blindado e ver o que a população passa”, retrucou.

“Ele me chamou de novinho, mas se não fosse esse novinho, ele nem estaria aqui, se ajoelha e toma a benção desse novinho”, provocou Rogério Barra.

O presidente da Alepa, Chicão (MDB), pediu que os parlamentares mantenham o decoro. “Eu peço que os colegas mantenham a postura, que o povo do Pará certamente espera de quem representa a população”.

Racha

Não é a primeira vez que os deputados do PL no Pará trocam farpas públicas e expõem as divisões internas. Em setembro, Rogério Barro e Aveilton Souza discutiram no plenário, após a negativa do título de cidadã paraense para a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro. “Você é verde por fora e vermelho por dentro. Se não fosse Jair Messias Bolsonaro te dar um cargo no sul do Pará, você nem estaria aqui”, provocou Rogério Barra.

Em embate com o deputado Aveiton Souza, Rogério Barra chamou o colega de “melancia” e chegou a levar a fruta para a tribuna (Foto: Divulgação / Alepa)

“Esse colega não contribui em nada no meu mandato e não posso contar com ele para nada, embora seja do meu partido. Esse partido nunca foi grato comigo e o PL se negou, inclusive, de ser presidente da comissão provisória do município de Marabá”, afirmou na época Aveilton Souza. O PL no Pará é comandado pelo deputado federal Eder Mauro, pai de Rogério Barra.

Aliados

Agora opositores do governador Helder Barbalho (MDB), os deputados Eder Mauro e Rogério Barra já estiveram no mesmo palanque que o mdbista. Em 2019, na época presidente do antigo PSL no Pará, Rogério Barra, assumiu a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos.

Eder Mauro, presidente do PL no Pará, já foi aliado do governador Helder Barbalho (Foto: Divulgação)

Rogério Barra ficou no cargo até maio de 2020, no auge do embate entre o então presidente Jair Bolsonaro e governadores sobre medidas emergenciais na pandemia de Covid-19. O delegado e deputado federal Eder Mauro sempre demonstrou um discurso alinhado com o do presidente então Jair Bolsonaro sobre a flexibilização da quarentena e da retomada econômica, discurso oposto ao de Helder Barbalho.

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Editado por: Yana Lima

Revisado por: Gustavo Gilona

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