Deputados discutem na Alepa após críticas a Bolsonaro por vetos a despesas em educação

Deputados discutem durante Sessão Ordinária na Assembleia Legislativa do Pará (Divulgação/Alepa)
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium

MANAUS – A Sessão Ordinária na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) chegou a ser paralisada por alguns minutos após o deputado estadual Delegado Caveira (PL) ofender verbalmente a deputada estadual Marinor Brito (PSOL) após críticas a Bolsonaro. A reportagem entrou em contato com os parlamentares, mas apenas Marinor respondeu. O espaço segue em aberto para o Delegado Caveira.

Em sua fala, a deputada defendia os investimentos na educação, vetados pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) na Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2023, principalmente no aumento da verba federal para merenda escolar, que, atualmente, varia entre R$ 0,36 e R$ 0,53 por aluno matriculado.

O Delegado Caveira, apoiador de Bolsonaro, pediu a palavra ao presidente da Câmara, Chicão (MDB), para comentar sobre a matéria do dia, a respeito da aprovação de contas do atual governador do Estado, Helder Barbalho (MDB).

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Ainda se diz da oposição, uma deputada que subiu aqui há pouco falando do presidente Bolsonaro. Crie vergonha na sua cara, deputada! Não abra a boca para falar do presidente!“, disse Caveira, antes de ser interrompido pelo presidente da Casa. “Deputado, peço que….“. No entanto, o deputado interrompeu Chicão e declarou “Muleque é a senhora, deputada!“, antes da sessão ser suspensa.

A discussão entre os parlamentares continuou mesmo após a suspensão da sessão. No vídeo da Tv Alepa é possível ver ambos gritando, apesar do áudio dos microfones terem sido cortados. Ao retornar, o presidente da Câmara repudia a briga entre os deputados e ameaça suspender em definitivo se continuarem a discussão.

É inadmissível os senhores como representantes da sociedade paraense não tenham postura para conduzirem à frente da sociedade do Pará os seus mandatos. Portanto, eu reabro a sessão, mas se houver nova controvérsia a este nível eu suspendo definitivamente esta sessão“, declara.

Ao retornar a sessão, o deputado Caveira pediu que não fosse interrompido e voltou a criticar a postura de oposição adotada pela deputada Marinor. “Agora há pouco, a deputada subiu aqui, falou várias coisas e eu não falei nada, mas ela tem que ser a oposição de Helder Barbalho que não vota nada, nem abre a boca contra ele. Que vergonha!“, disse.

A deputada ainda voltou a se manifestar, pontuando que não tem problema discordar das opiniões, contando que seja feito de forma respeitosa. “É fundamental que o parlamento se eduque, se eduque cada vez mais! Porque independente da vontade dos machistas, nós, mulheres, vamos continuar ocupando os espaços de poder. […] Não seremos nós que iremos abaixar a cabeça aos ataques machistas“, afirmou.

Nas redes sociais, a deputada voltou a se manifestar, e assim como fez na assembleia, agradeceu o apoio das demais deputadas presentes que se levantaram contra as atitudes, consideradas machistas, do deputado Caveira. “Novamente um deputado bolsonarista pratica violência institucional e política contra nosso mandato na Alepa hoje. Minha luta segue firme. Não irão calar minha voz. Agradeço a solidariedade das colegas da bancada feminina contra ataques machistas como este“, declarou Marinor.

Em reposta à CENARIUM, Marinor Brito disse que o deputado chegou a tentar intimidar a ela e outra colega parlamentar na tentativa de “diminuir ao proferir diversas ofensas, além de me chamar de “moleca”, questionando o trabalho, posição e atuação das mulheres na Assembleia Legislativa“, a parlametar ainda informou que entrará com recurso contra a postura do Deputado.

Permanecerei ativa em defesa do povo na Assembleia Legislativa, como é meu direito e dever enquanto parlamentar. Irei fazer uma representação no Conselho de Ética da Assembleia para apurar mais este ato de violência institucional contra as mulheres“, disse.

Sobre os ataques, a parlamentar alega que não foi a primeira vez, mas que isso não irá intimidá-la: ” Este foi mais um ataque vindo deste parlamentar contra mim e meu mandato, mas não irei baixar minha guarda, me intimidar ou deixar de disputar este espaço, que é das mulheres por direito para ocupar e participar das tomadas de decisão“.

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