Início » Central da Política » Na Amazônia, Pará lidera lista de violência política e eleitoral nos seis primeiros meses de 2022
Na Amazônia, Pará lidera lista de violência política e eleitoral nos seis primeiros meses de 2022
O observatório aponta ainda que houve um aumento de 17,4% no número de casos de violência eleitoral no País em 2022 (Ana Clara Moscatelli/Agência Pública)
Compartilhe:
14 de julho de 2022
Ívina Garcia – Da Revista Cenarium
MANAUS – De acordo com os dados do Observatório da Violência Política e Eleitoral (OVPE), realizada pelo Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (GIEL/UNIRIO), o Pará destaca quando o assunto é violência em períodos eleitorais. Conforme o documento, dentre os Estados que compõem a Amazônia, o Pará lidera a lista com 13 episódios de violência, sendo 12 casos no primeiro trimestre e um no segundo.
Logo após o Pará, o Estado do Mato Grosso aparece com seis ocorrências, sendo cinco nos primeiros três meses do ano e uma no segundo trimestre; Maranhão e Amazonas estão empatados com cinco ocorrências cada. Rondônia aparece em seguida com quatro casos de violência nos três últimos meses de 2022, seguido por Tocantins com três casos; Roraima e Acre com um caso cada e o Amapá com nenhum caso registrado nos últimos seis meses.
Outros dados
O observatório aponta ainda que houve um aumento de 17,4% no número de casos de violência eleitoral no País, em 2022, se comparado ao segundo trimestre de 2020, ano das eleições municipais. A Região Norte, composta pelos Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins é a terceira mais perigosa do País, carregando no segundo semestre de 2022 8,9% dos casos registrados de homicídios contra lideranças políticas e familiares.
PUBLICIDADE
Em 2020, nas últimas eleições municipais, Rondônia e Maranhão lideravam como os Estados mais perigosos da Amazônia com nove ocorrências cada durante os seis primeiros meses do ano; Pará e Mato Grosso tiveram oito registros de violência eleitoral; Amazonas vem depois com 7 ocorrências. A maioria dos casos foi registrado ainda nos primeiros três meses do ano.
O Amazonas registrou sete casos nos seis primeiros meses de 2020; Tocantins teve seis; Roraima registrou três casos; dois casos foram registrados no Acre e o Amapá aparece novamente com nenhuma violência registrada nos seis primeiros meses de 2020.
Partidos
Em relação aos partidos, usando dados nacionais, o Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB era o maior alvo de violência eleitoral nos seis primeiros meses de 2020, seguido pelo Partido Social Democrático PSD – 20, Progressistas – PP (17) e o Partido dos Trabalhadores – PT (12).
Já em 2022, nos seis primeiros meses do ano, a legenda com mais registros de violência eleitoral é a dos Republicados, com 18 ocorrências. Seguido por PT, PSD e o Partido Liberal (PL), com 17 ocorrências cada. Dessas ocorrências, nos três últimos meses, o PSD e o PL foram os partidos com mais coligados atingidos, tendo registrado 12 e 10 ocorrências, respectivamente.
Porte de Armas
Na quarta-feira, 13, representantes de sete partidos estiveram em reunião com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, para entregar documento onde solicitam ações contra violência política, entre elas a suspensão de porte de arma na eleição.
Assinado pelos partidos PT, PSB, PCdoB, PV, Rede, PSOL e Solidariedade o documento traz o pedido de “medidas administrativas cabíveis para a garantia da segurança e da paz no processo eleitoral”, buscando conservar a “integridade de eleitoras, eleitores, colaboradores da Justiça Eleitoral, autoridades públicas, candidatas e candidatos”.
Após reunião com o ministro Alexandre de Moraes, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse à imprensa na tarde de quarta-feira, 13, que a coligação está preocupada com o aumento da violência política no País e os ataques à imprensa que vêm sendo proferidos por Bolsonaro e seus apoiadores.
Em publicação, o senador falou que a preocupação já vem a algum tempo não só ligada à violência contra partidos e filiados, mas também à imprensa. “O problema da liberdade de imprensa durante a eleição, não quero assustar ninguém, mas vocês sabem que está em risco também, dados os fatos que já aconteceram e as ameaças. A mais recente diz respeito ao Congresso em Foco, onde alguns jornalistas foram concretamente ameaçados“, relembrou o senador.
“Nós todos saímos daqui com a garantia de que o presidente do Congresso Nacional, e como nós temos dito, é o último ratio de defesa da democracia quando ela é ameaçada, e atuará nesse sentido, na garantia de que teremos eleições, de que os eleitos serão empossados e na garantia de que não terá interferência institucional sobre a democracia brasileira”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (Rede), que também participou da reunião.
‘Armas e eleições não combinam’
Apesar de não fazer parte da coligação que assinou o documento, o deputado federal Marcelo Ramos (PSD) se posicionou também contrário ao porte de armas em período eleitoral. Em conversa com a REVISTA CENARIUM, o parlamentar disse acreditar que o voto é a expressão máxima do povo. “Arma e eleições não combinam. Arma e eleição numa eleição onde os atos de violência são estimulados por discurso de ódio e onde episódios de violência já aparecem combinam menos ainda. A arma das eleições são palavras e voto livres“, disse.
Ao comentar sobre o assunto, o vereador de Manaus Amom Mandel considera que extremismo político é nocivo para a democracia, seja ele qual for. “O debate tem que ser saudável e não violento, um autor anônimo que eu costumo citar diz que numa discussão o melhor a se fazer é melhorar os argumentos e não aumentar a voz. Quem aumenta a voz ou parte para a violência no debate político, admite, de forma aberta à sociedade que, simplesmente, não tem argumentos, porque se tivesse, os usaria“, declarou à CENARIUM.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.