Início » Mundo » Congresso do Peru analisa projeto apelidado de ‘Lei da Mordaça, acusado de incriminar jornalistas
Congresso do Peru analisa projeto apelidado de ‘Lei da Mordaça, acusado de incriminar jornalistas
Organizações jornalísticas apontam que a proposta 2862, que uniu esquerda e direita em um País que vive intensa crise política, asfixia as liberdades de imprensa e de expressão (Reprodução/Internet)
Compartilhe:
10 de maio de 2023
Da Revista Cenarium*
LIMA – Sob críticas da imprensa e de ONGs de direitos humanos, o Congresso do Peru analisa um projeto apelidado de “Lei da Mordaça”, já que prevê a ampliação de punições e a instituição de pagamento de indenização por condenados em casos de calúnia e difamação.
Organizações jornalísticas apontam que a proposta 2862, que uniu esquerda e direita em um País que vive intensa crise política, asfixia as liberdades de imprensa e de expressão. Já defensores da ideia dizem que é preciso legislar melhor sobre crimes contra a honra.
A má notícia para os críticos veio na última semana, quando o plenário do Congresso aprovou o Projeto de Lei (PL), em primeira votação, numa sessão relâmpago de apenas 11 minutos — foram 69 votos a favor, 28 contra e três abstenções. A proposta ainda passará por nova avaliação.
PUBLICIDADE
O PL altera o Código Penal e o Código Civil. No caso de calúnia, quando um delito é atribuído a alguém, de forma falsa, serão aplicadas multa diária, a ser cobrada por até um ano, e uma compensação, com valor a ser definido. Já no caso de difamação, quando uma informação é difundida para prejudicar a honra de alguém, há pena de prisão de até quatro anos, multa diária de 90 a 120 dias e indenização.
O PL faz menção específica ao que chama de uso indevido de meios de comunicação, redes sociais e sites, o que foi interpretado por setores da mídia como um sinal de que a regra será usada como instrumento para silenciar o jornalismo. Caso informações sejam compartilhadas nessas plataformas e depois consideradas calúnia ou difamação, pela Justiça, há pena de prisão de até dois anos.
Em nota, a Associação Nacional de Jornalistas do Peru (ANP) disse que a aprovação “impõe o mais nefasto precedente legal contra a atividade jornalística dos últimos anos”. “A reforma que se pretende fazer é sem cabimento, inibidora e contraria a liberdade de expressão”.
A associação relata, ainda, temer que o projeto, caso levado a cabo, escale o número de jornalistas que, por exercerem a profissão, são levados à Justiça.
O PL foi proposto por um legislador do Perú Libre, sigla de esquerda a qual já pertenceu o ex-presidente Pedro Castillo, preso após tentar um golpe de Estado no fim do último ano.
Desde dezembro, o Peru vive uma escalada de crise política. Após a queda de Castillo, sua vice, Dina Boluarte, impopular e acusada de violações de direitos humanos, assumiu o governo. Por meses, uma onda de protestos levou milhares às ruas em cenas de violência.
Já investigado por suposto crime de genocídio, o governo de Dina foi acusado em recente relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) — um braço da Organização de Estados Americanos (OEA) — de possível execução extrajudicial de manifestantes.
O material afirma que a resposta dos agentes de segurança aos atos não foi uniforme, no País, e que “houve graves episódios de uso excessivo da força” — ao menos 50 pessoas morreram nesses episódios.
Assim, a CIDH afirma que, por serem “múltiplas privações do direito à vida”, essas mortes poderiam qualificar um massacre e que, por serem perpetradas por agentes do Estado, há a chance de serem execuções extrajudiciais. O material pede que o Peru investigue os casos.
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.
Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.
Cookies Estritamente Necessários
O cookie estritamente necessário deve estar ativado o tempo todo para que possamos salvar suas preferências de configuração de cookies.
Se você desativar este cookie, não poderemos salvar suas preferências. Isso significa que toda vez que você visitar este site, precisará habilitar ou desabilitar os cookies novamente.