Conselho Indígena de Roraima na Terra Indígena Raposa Serra do Sol completa 50 anos

A celebração contará com presença de lideranças tradicionais, tuxauas, mulheres, jovens e lideranças que construíram a história do Conselho Indígena de Roraima (CIR) (Divulgação)
Da Revista Cenarium*

RORAIMA – Está marcada para os dias 16 a 19 de janeiro uma grande celebração dos 50 anos do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O evento ocorrerá no Centro Regional Lago Caracaranã, região da Raposa, TI Raposa Serra do Sol, município de Normandia, e irá reunir mais de dois mil indígenas e convidados.

A celebração contará com presença de lideranças tradicionais, tuxauas, mulheres, jovens e lideranças que construíram a história do Conselho Indígena de Roraima (CIR). Também foram convidadas representantes de organizações não governamentais, instituições e parceiros históricos do movimento indígena.

Durante os quatro dias de celebração, acontecerá rituais indígenas, falas das lideranças, apresentações culturais, apresentação da história do CIR, homenagens, exposição de artes e feira de produção orgânica. No primeiro dia será apresentado o documentário “50 anos do CIR”, elaborado pelo departamento de comunicação do conselho.

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A atuação direta do CIR se desenvolve por meio de 10 conselhos regionais que formam sua base (Divulgação)

A coordenação do evento recomenda que os convidados tragam redes, mosquiteiros, kit de alimentação (prato, colher, copos), protetor solar, repelentes e garrafa de água. Para quem usar barracas para dormir, terá um espaço específico para acomodar. Ao chegarem no lago terá uma equipe que prestará todas as informações. Não será permitido a entrada de bebida alcoólicas e pessoas não autorizadas. A alimentação será por conta do evento.

Para registros fotográficos ou filmagens (imprensa), devem assinar um termo de autorização com a assessoria de comunicação do CIR. Para outras informações ou dúvidas, entrar em contato pelos telefones (95) 98418 5279 e 98418 5553.

Histórico

Após muitos anos de sofrimentos, em janeiro de 1971, as lideranças das comunidades e regiões decidiram se unir e realizaram um grande encontro, essa foi a primeira Assembleia dos Tuxauas. A reunião ocorreu na Comunidade Barro, região Surumú, local onde tudo começou. Todos os anos os tuxauas se reuniam para debater e tentar resolver algumas situações. Porém, os problemas permaneciam e os conflitos pelo território ficavam cada dia mais violentos e sangrentos. Muitos parentes foram expulsos de suas casas, outros perderam a vida lutando e defendendo aquilo que lhe era de direito, a Terra.

Em 26 de abril de 1977, na comunidade indígena Maturuca, região das Serras, Terra indígena Raposa Serra do Sol, veio a principal decisão que marcou o recomeço para as comunidades indígenas. Foi a assembleia do “Vai ou Racha”. Foi nesse encontro que os indígenas se uniram para dizer não à bebida alcoólica e sim à comunidade. Dessa decisão, surgiram os conselhos regionais que ajudavam a resolver os problemas e fortaleciam a organização entre as comunidades.

Importante lembrar que de 1971 a 1989, havia as importantes articulações com um pequeno grupo de indígenas, estes eram chamados de Conselheiros. Cada região tinha seus conselheiros. Um dos primeiros foi o tuxaua Gabriel Macuxi, da região da Raposa. A liderança buscava apoios com os parceiros para apoiar as comunidades indígenas conforme as suas necessidades.

No ano de 1980, com a chegada do projeto “Uma vaca para o índio”, de criação comunitária de gado, possibilitou a reconquista da terra e fortaleceu a autonomia das comunidades. Já em 1986, os conselhos regionais passaram a ter uma sede em Boa Vista-RR para facilitar a articulação por políticas públicas e direitos indígenas. Principalmente, nas áreas de saúde e educação. E, então, foi criada uma organização de abrangência estadual, o Conselho Indígena do Território de Roraima (Cinterr). Já a criação formal do CIR ocorreu em 30 de agosto de 1990 devido à emancipação do território para Estado de Roraima na Constituição Federal de 1988.

Desde o início, principal bandeira do movimento foi a luta pelos territórios. A demarcação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, que foi uma luta travada pelas lideranças, por mais de 30 anos, foi o símbolo dessas conquistas. A demarcação e homologação foi um marco legal e político para os direitos indígenas no Brasil. Atualmente, o CIR representa 261 comunidades e defende os direitos de mais de 70 mil indígenas de dez povos.

Vale destacar, além de grandes lutas, que há também importantes conquistas como na educação, na formação de professores indígenas por meio do magistério, com a criação do Instituto Insikiran e na saúde com a formação de Agentes Indígenas de Saúde (AIS). Houve também a implantação do Grupo de Proteção e Vigilância Territorial (GPVIT) nas comunidades.

Para atingir estes objetivos, o CIR, no decorrer dos anos, vem desenvolvendo diversas atividades na área da saúde, educação, cultura, gestão ambiental, promoção social, desenvolvimento sustentável e participação nas políticas públicas, respeitando a organização social e cultural dos diversos povos indígenas do Estado. O Conselho Indígena de Roraima é uma das organizações indígenas mais ativa no Brasil, com atuação local, regional, nacional e internacional.

O CIR tem uma extensa área de atuação que abrange mais de 35 terras indígenas de Roraima, com uma extensão de mais de 10 milhões de hectares e uma população de 58 mil indígenas em 465 comunidades em todo o Estado de Roraima. Constituída pelos povos Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona, Sapará, Taurepang, Wai-Wai, povos Yanomami, Yekuana e Pirititi.

A atuação direta do CIR se desenvolve por meio de 10 conselhos regionais que formam sua base, envolvendo as etnorregiões: Serras, Surumú, Baixo Cotingo, Raposa, Amajarí, Wai-Wai, Tabaio, Serra da Lua, Murupú e Alto Cauamé.

(*) Com informações da assessoria
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