Da beleza natural e arquitetônica, Amapá esbanja cultura e mistérios milenares

Marco Zero, Fortaleza de São José e Stonehenge da Amazônia. Amapá é o Estado brasileiro com a maior cobertura florestal mais bem preservada do País (Arte: Isabelle Chaves/Cenarium)

Bruno Pacheco – Da Revista Cenarium

MANAUS — O Estado onde está localizado Macapá, a única capital brasileira a ser dividida pela linha do Equador, o Amapá esbanja beleza natural e arquitetônica com monumentos históricos construídos num território repleto de costumes e cultura dos povos tradicionais. A região, dividida em 16 municípios, foi a escolhida para iniciar a série de reportagens da REVISTA CENARIUM sobre os principais pontos turísticos dos Estados da Amazônia Legal.

Antes de mostrar os pontos turísticos, é preciso conhecer um pouco sobre o Amapá e as riquezas que o compõem. Considerado o Estado amazônico com a maior cobertura florestal mais bem preservado do País, com aproximadamente 95% dos seus ecossistemas naturais intactos. Segundo o governo, o território amapaense tem ainda 72% de sua propriedade território em Unidades de Conservação federais e estaduais (UCs) ou terras indígenas.

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Além disso, o Amapá abriga o maior parque nacional do Brasil, o Montanhas do Tumucumaque, cujos 3,9 milhões de hectares (39 mil quilômetros quadrados) o fazem ser, também, o maior parque de floresta tropical do mundo. Para termo de comparação, o local é quase do tamanho do Estado do Rio de Janeiro.

Até 1943, as extensões do Amapá faziam parte do Pará. Geograficamente, o Estado do Amapá faz fronteiras com a Guiana Francesa, ao norte, com o Suriname, ao noroeste, com o Pará, ao oeste e sul, e com Oceano Atlântico, ao leste.

Fronteiras do Estado do Amapá – Agrandir Original – Fonte: Base Cartográfica Sirgas, 2017.

Macapá

Em Macapá, capital do Estado do Amapá, um dos principais pontos turísticos é o ‘Marco Zero’. O monumento marca, de forma exata, onde a Linha do Equador passa pela cidade e a divide em dois hemisférios: Norte e Sul. Por meio da construção de cerca de 30 metros de altura, é possível contemplar os equinócios da primavera e do outono, cujo evento acontece duas vezes por ano, nos meses de março e setembro.

Marco Zero foi inaugurado em 1987 (Márcia do Carmo/ MTUR)

No mês de março, o evento é chamado ‘Equinócio das Águas’ e, em setembro, de ‘Equinócio da Primavera’. A estrutura circular do Marco Zero, inaugurado em 1987, faz com que a luz do Sol alinhe-se perfeitamente ao buraco no topo do obelisco e projete a linha imaginária do Equador pelo solo, permitindo que o dia e a noite tenham a mesma duração de tempo. Quando o fenômeno astronômico acontece, são realizadas apresentações, oficinas e feiras na cidade.

Buraco no topo do obelisco faz com que a luz do Sol projete a linha imaginária do Equador pelo solo (Maksuel Martins/Secom-AP)

O complexo turístico do obelisco tem capacidade para 200 pessoas. Em 2020, por conta da pandemia da Covid-19, o monumento teve a capacidade de visitas reduzida em 50%, desde que fossem respeitadas as medidas de proteção, como o uso de máscaras, álcool em gel e aferição de temperatura.

Fortaleza de São José de Macapá (Maksuel Martins/Secom-AP)

Construída no século 18 para proteger a região em meio ao temor de uma invasão francesa, a Fortaleza de São José é uma das principais edificações militares do Brasil. A construção com paredes de dez metros de altura fica localizada no Centro de Macapá, às margens do rio Amazonas.

Construção foi erguida entre 1764 e 1782 (Maksuel Martins/Secom-AP)

A gigantesca estrutura foi erguida entre 1764 e 1782, pelas mãos de indígenas, negros e escravos da colonização portuguesa. Em 22 de março de 1950, Fortaleza de São José foi tombada pelo Instituto de Patrimônio Histórico Nacional e elevada à categoria de museu em 2007.

Ainda no Macapá, uma das opções turísticas mais requisitadas pelos viajantes é o passeio de barco no rio Amazonas, que segue para o estuário para se encontrar com o Oceano Atlântico. A cidade é a única capital brasileira banhada pelo maior rio do mundo.

Vista do rio Amazonas, na cidade de Macapá (Reprodução)

Pedra Branca do Amaparí

O município de Pedra Branca do Amaparí (a 182,2 quilômetros de Macapá) é uma das cidades amapaenses com potencial para o turismo. A cidade de 29 anos, criada em 1º de maio de 1992, é envolta por diversas cachoeiras que se tornaram em alternativas para lazer e entretenimento.

Cachoeira da Fumaça, em Pedra Branca do Amaparí, mostra a beleza dos rios amazônicos (Reprodução)

A história do município é ligada à exploração de ouro e fez de Pedra Branca, há algumas décadas, ser chamada de ‘Eldorado do Amapá’. Segundo historiadores e moradores, antes de ser fundada, a região era frequentada pelos Saramaka, um povo indígena da Guiana Francesa que buscavam pedras preciosas. Sua economia atual é centralizada na agropecuária, na exploração mineral e no turismo.

Turistas buscam balneários e cachoeiras durante período de estiagem (Washington/Arquivo Pessoal)

Por conta do período da estiagem, fenômeno registrado anualmente a partir do segundo semestre no Amapá e que se prolonga até o final de novembro, Pedra Branca do Amaparí tem maior movimentação de turistas, que buscam balneários e cachoeiras.

Calçoene

Calçoene (a 363,5 quilômetros de Macapá) é uma das cidades turísticas do Amapá. A região, conhecida pelas belezas naturais, tem como principal atração o Parque Arqueológico do Solstício, cuja estrutura de arte rupestre é composta por um conjunto de rochas de granito presas ao solo em formato de um círculo e abriga o Observatório Astronômico de Calçoene.

Stonehenge da Amazônia, no Amapá (Mariana Cabral/Iepa)

O local também é chamado de ‘Stonehenge da Amazônia’ ou ‘Stonehenge do Amapá’, em referência ao círculo de pedras da Inglaterra. Ao todo, são 127 rochas com mais de quatro metros erguidas em um raio de 30 metros.

A construção do ‘Stonehenge da Amazônia’ ainda é uma incógnita, mas há quem acredite que as rochas foram erguidas na região há, aproximadamente, 2.000 anos. Além das pedras, arqueólogos também chegaram a encontrar vasilhas cerâmicas, instrumentos confeccionados em pedra e urnas funerários com restos mortais que, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sugerem que o terreno era usado como um centro de rituais.

Segundo pesquisadores, as rochas eram usadas como calendário solar pelos povos indígenas, pois o dia em que o Sol atinge o maior grau de afastamento angular do Equador é possível ser visualizado por meio de sombras projetadas nas pedras.

A região, no entanto, tem acesso restrito devido aos vestígios arqueológicos que permanecem no local. Mesmo assim, o lugar levou a cidade ser, rotineiramente, visitada por turistas de todas as partes do mundo. Além do parque, em Calçoene também é possível curtir a viagem em praias e balneários.

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