Desmatamento na Amazônia reduz 36% entre janeiro e abril deste ano, aponta Imazon

Apesar da queda, registro está entre os maiores desde 2008. (Daniel Beltra/Greenpeace)
Bianca Diniz – Da Revista Cenarium*

BOA VISTA (RR) – O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) registrou uma queda de 36% no desmatamento da Amazônia no primeiro quadrimestre de 2023 em comparação com o mesmo período de 2022, os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 17. Apesar da redução significativa, o Instituto alerta que foi um dos maiores desmatamentos desde 2008.

Desmatamento em Lábrea, município do sul do Amazonas. (Foto: Victor Moriyama/Amazônia em Chamas/Divulgação Greenpeace)

Conforme o monitoramento por satélites do Imazon, a destruição acumulada no período de janeiro a abril deste ano, chegou aos 1.203 km², a terceira maior registrada desde 2008. Para os pesquisadores, este ano só não teve os piores primeiros quadrimestres do que 2021 e 2022, quando a devastação aumentou expressivamente na região. 

Gráfico do desmatamento na Amazônia. (Imazon/Divulgação)

Segundo o Instituto, a queda no desmatamento chegou aos 72%, em abril, passando de 1.197 km² em 2022 para 336 km² em 2023. Redução que precisa ser mantida durante o chamado “verão amazônico”, época de seca na região Norte, que inicia entre maio e junho, quando a derrubada costuma ser maior.

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Abril registrou queda no desmatamento. (Imazon/Reprodução)

A pesquisadora, Larissa Amorim, ressalta a importância de ações emergenciais de fiscalização na floresta. “Essa redução observada em abril é positiva, porém a área desmatada ainda foi a quarta maior desde 2008 para o mês. Isso indica que precisamos implantar ações emergenciais de fiscalização, identificação e punição aos desmatadores ilegais nos territórios mais pressionados, focando nas florestas públicas que ainda não possuem uso definido e nas áreas protegidas, principalmente com a chegada do verão amazônico, onde historicamente o desmatamento tende a aumentar”, destacou a pesquisadora.

Durante explicação, a pesquisadora listou a retomada da pauta ambiental e a valorização dos recursos naturais como fatores influentes na redução do desmatamento. Confira:

Aumento na devastação

Apesar da diminuição do desmatamento acumulado na Amazônia, dois estados apresentaram aumento na devastação territorial: Roraima e Tocantins. O estado de Roraima enfrentou a situação mais alarmante, com a devastação passando de 63 km² entre janeiro e abril de 2022 para 107 km² no mesmo período deste ano, representando um aumento de 73%. As ações afetaram principalmente as Terras Indígenas (TIs) Yanomami e Manoá/Pium e os assentamentos do Paredão, Caxias e Taboca, que estão entre os 10 territórios mais desmatados em abril.

Em relação a Tocantins, o desmatamento apresentou um crescimento de 25%, passando de 4 km² entre janeiro e abril de 2022 para 5 km² no mesmo período deste ano.

Líderes em desmatamento

Embora tenham registrado uma queda no desmatamento, Mato Grosso, Amazonas e Pará ainda lideram o ranking dos estados com as maiores áreas desmatadas na Amazônia. De acordo com os dados do Imazon, o estado do Mato Grosso devastou 400 km² de floresta, seguido pelo Amazonas com 272 km² e o Pará com 258 km². Os números representam, respectivamente, 33%, 23% e 21% do total desmatado na região. Os estados juntos foram responsáveis por 77% da destruição florestal no primeiro quadrimestre de 2023.

Ranking de desmatamento da Amazônia, entre janeiro e a abril deste ano. (Imazon/Divulgação)


O estado do Amazonas assumiu a liderança no desmatamento, no mês de abril, registrando uma área devastada de 92 km². Desse total, 77 km² (84%) foram desmatados em apenas cinco municípios da região sul: Apuí, Canutama, Lábrea, Manicoré e Novo Aripuanã. Além disso, o estado teve a TI mais desmatada na Amazônia: a Tenharim Marmelos (Gleba B), localizada nos municípios de Humaitá e Manicoré.

De acordo com a pesquisadora, Bianca Santos, a agropecuária potencializa o desmatamento na região. “Estamos reiteradamente alertando sobre o avanço do desmatamento no sul do Amazonas, na região de divisa com os estados do Acre e Rondônia, conhecida como Amacro, onde atualmente existe uma forte pressão pela expansão agropecuária. São necessárias medidas urgentes de fiscalização e destinação de terras públicas no local para evitar novas derrubadas, como infelizmente estamos vendo todos os meses”, alerta a pesquisadora.

Confira o infográfico:

(*) Com informações do Imazon

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