Desmatamento na Amazônia Legal cresce 24% no primeiro semestre de 2020, aponta Imazon

Projetos mapeados tendem a frear o acelerado ritmo de destruição da floresta (Divulgação/Internet)

Luís Henrique Oliveira – Da Revista Cenarium*

MANAUS – Dezenas de criminosos parecem ter aproveitado o período da pandemia para “passar a boiada” na floresta amazônica. Para se ter uma ideia, dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Imazon, divulgados na sexta-feira, 17, dão conta de que no primeiro semestre deste ano, a Amazônia perdeu 2.544 km² de área para o desmatamento, um aumento de 24% comparado ao primeiro semestre do ano passado.

Este é o segundo maior valor acumulado em um semestre desde 2010. Só no último mês de junho, a Amazônia perdeu 822 km² de floresta, uma área duas vezes maior do que o tamanho da cidade de Belo Horizonte.

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Para o ambientalista José Coutinho, que atua em Manaus, no Amazonas, é preciso reforço em ações de conscientização, para que se possa mudar o pensamento da população a longo prazo.

“A humanidade precisa passar por um processo de aprendizagem educacional sócio-ambiental para promover uma transformação de suas ações. Se fala em Meio Ambiente, se reconhece a importância, mas não conseguem tomar atitudes que condizem com o que e falado. Isso e porque não possui a cultura de pertencimento. Não tratam o meio ambiente com se fosse seu”, disse.

Segundo o levantamento do Imazon, que reforça também dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Pará lidera o ranking dos Estados que mais desmataram a Amazônia com 43% do total. Em seguida estão Amazonas (21%), Mato Grosso (14%), Rondônia (14%), Acre (7%) e Roraima (1%).

Ainda segundo o monitoramento, apenas dez municípios foram responsáveis por metade de todo o desmatamento na Amazônia em junho. Altamira, no Pará, encabeça a lista dos municípios campeões de derrubada de floresta. Na sequência estão Porto Velho (RO), Novo Progresso (PA) e Itaituba (PA).

“Vamos voltar em Altamira agora em agosto e setembro, fizemos autuações lá, foram abertos, inclusive, inquéritos de investigação sobre esse desmatamento”, declarou o secretário de Meio Ambiente do Pará, José Mauro de Almeida.

Em junho, o desmatamento também avançou por Unidades de Conservação na Amazônia. A Florex Rio-Preto Jacundá (RO) foi a mais desmatada no mês de junho com 47 km² de área destruída. Em seguida, vem a APA Triunfo do Xingu (PA), com 27 km², e Flona do Jamanxim (PA), com 23 km². As Terras Indígenas que mais foram alvo do desmatamento ilegal são Apyterewa, Mundurucu e Kayapó, todas no Pará.

Recentemente a REVISTA CENARIUM publicou matéria sobre o desmatamento na Amazônia Legal que aumentou este ano. Na ocasião, os secretários de Maio Ambiente do Amazonas e Pará, Eduardo Taveira e José Almeida, respectivamente, comentaram sobre ações que devem ser desenvolvidas.

Degradação

Em junho deste ano, foram detectados 213 km² de área degradada na Amazônia: Mato Grosso aparece no topo da lista de estados com 73%, seguido por Pará (25%), Rondônia (1%) e Roraima (1%). A degradação é caracterizada pela extração seletiva das árvores, normalmente para fins de comercialização de madeira, e pelas queimadas. 

SAD

O Sistema de Alerta de Desmatamento é uma ferramenta de monitoramento, baseada em imagens de satélites, desenvolvida pelo Imazon para reportar mensalmente o ritmo do desmatamento e da degradação florestal da Amazônia. Operando desde 2008, atualmente o SAD utiliza os satélites Landsat 7 (sensor ETM+), Landsat 8 (OLI), Sentinel 1A e 1B, e Sentinel 2A e 2b (MSI) com os quais é possível detectar desmatamentos a partir de 1 hectare mesmo sob condição de nuvens. 

Imazon

O Imazon é um instituto brasileira de pesquisa, sem fins lucrativos, composto por pesquisadores brasileiros, fundado em Belém há 30 anos. Por meio do Sistema de Alerta do Desmatamento (SAD), a organização realiza, há mais de uma década, o trabalho de monitoramento e divulgação de dados sobre o desmatamento e degradação da Amazônia Legal, fornecendo mensalmente alertas independentes e transparentes para orientar mudanças de comportamento que resultem em reduções significativas da destruição das florestas em prol de um desenvolvimento sustentável.

(*) Com informações da assessoria

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